É um daqueles livros onde o “Grande” deve ser lido no sentido literal. Depois dos insectos, dos animais, dos oceanos e das aves, Yuval Zommer oferece-nos agora “O Grande Livro das Flores” (Bizâncio, 2020), onde nos apresenta às suas diferentes famílias, de acordo com o local onde crescem e o seu aspecto: margaridas, bolbos, orquídeas, com frutos, vagens e espinhosas, todas têm lugar neste jardim.
Há, logo a abrir, uma lição de anatomia, que envolve nomes como sépalas, estames e estigmas, relevando-se também o papel fundamental dos poilinizadores, onde se incluem a mosca-da-flor e o linguarudo colibri-de-bico-de-espada.
Depois de uma dissertação sobre as cores das flores e dos seus poderes medicinais, começamos a viagem por um jardim de perder de vista, conhecendo todo um universo florido onde se plantam dioneias, uma planta assustadora e carnívora também conhecida como apanha-moscas; rosas, de quem as múmias do Antigo Egipto eram grandes fãs; próteas, com familiares que terão crescido ao mesmo tempo que os dinossauros, há quase 90 milhões de anos; flores de cerejeira, que aparecem na Primavera antes mesmo das folhas crescerem (e que chegam a viver entre 50 e 100 anos); nenúfares gigantes, que podem ter flores do tamanho de uma bola de futebol; plantas carnívoras, que crescem em locais onde o solo não é muito rico em nutrientes; flores silvestres, que não precisam de ajuda humana para seguirem o seu caminho; cactos voluntariosos, cujas flores duram poucas horas ou dias para que a planta não perca muita água; girassóis, que pelo menos 6 horas por dia estão a curtir o sol (e que no seu centro têm entre 1000 a 2000 minúsculas flores chamadas flósculos); orquídeas, com raízes que crescem acima da superfície da terra e que absorvem a humidade do ar (a orquídea-sapatinho-de-Rothschild leva 15 anos a crescer e florir, e produz até 6 flores grandes); plantas trepadeiras, com caules tenros e frágeis e que precisa de uma mão amiga para subir durante o seu crescimento; flores malcheirosas, que mesmo assim atraem malta como as moscas-varejeiras ou os escaravelhos-do-esterco; estrelícias, muito dadas a usar laranja; túlipas, que adoram sol e têm uma família com mais de 3000 variedades; ou as bromélias, da qual faz parte o belo do ananás (e que têm um estilo muito próprio, muitas vezes em folhas decoradas às riscas ou às pintas).
Fala-se ainda das sementes e da sua dispersão, do carácter perigoso e mortal de certas plantas ou dos Jardins de Kew (Kew Gardens), em Londres, que possuem a mais diversificada colecção de plantas vivas do planeta. Não falta, à semelhança dos volumes anteriores, um desafio lançado à pequenada, que aqui é o de encontrar ao longo do livro os 15 esconderijos do bolbo especial. Para quem depois da leitura ficar com o bichinho e a vontade de meter as mãos na terra, encontra também algumas pistas para o cultivo de plantas.
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