Se, a moda das T-Shirts com brilho, conseguisse transpor as portas dos centros comerciais e tomar de assalto as livrarias, muito provavelmente os mais pequenos – está recomendado para crianças a partir dos 3 anos – iriam escolher “O Peixe Arco-Íris” (Kalandraka, 2020) para livro de companhia. Um livro que, se fosse um filme de Hollywood dado a seguir tendências, muito provavelmente se chamaria “O peixe mais bonito do oceano veste prata”.
Este é um peixe de escamas luminosas, tão brilhantes que conseguem iluminar o lugar mais escuro do oceano. Qual Narciso, o peixe vai-se pavoneando e recebendo atenções, mas mantém-se silencioso e vaidoso, alheio aos outros, recusando todos os convites que lhe fazem para com ele brincar. Isto até ao dia em que, depois de recusar dar uma das suas escamas a um pequeno peixe com um tom menos próprio, todos lhe viram as costas, perdendo assim o seu estatuto de Don Juan da peixeirada.
É então que entra em cena o sábio polvo Octopus, que talvez lhe possa mostrar aquilo que a todos parece óbvio, ainda que o peixe continua a pensar com as suas escamas: valerá a pena trocar a beleza própria pela felicidade do conjunto?
Com aguarelas que nos levam ao fundo de um mar bastante animado, Marcus Pfister aponta a humildade, a generosidade e a bondade como chaves para a harmonia, seja a própria ou a alheia. Haja escamas para partilhar com quem de bom nos surge pelo caminho.
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