“As regras da profissão são simples. Em caso de absoluta necessidade, tenho direito a eliminar ao maus da fita. Está é fora de questão sacrificar almas inocentes.”
A premissa até que nem era de deitar fora. Chegado ao século XXI, com o surgimento de novas guerras ideológicas e económicas, o Vaticano percebe que a antiga rede diplomática dos prelados já era, optando por restaurar a antiga tradição dos monges guerreiros. São assim dispersos 12 guardiões pelo mundo, que agem sempre sozinhos sem se conhecerem uns aos outros, numa espécie de 007`s com um crucifixo ao pescoço e uma série de armas divididas por tudo o que é bolso de calça, casaco, sotaina ou batina.
Vince teve uma educação católica, e acredita que cabe à espiritualidade servir de equilíbrio às ideologias políticas. Isto “se quisermos evitar que os homens de degladiem permanentemente”. Foi assim com naturalidade e também orgulho que se tornou guarda de protecção dos arqueólogos e compradores de arte do Vaticano, sabendo que poderia servir a Igreja sem se meter em grandes confusões políticas.
A sua eficácia e sentido de missão não passam despercebidos, sendo convidado a integrar uma célula especial dos serviços secretos da Santa Sé, que tem como principal missão “proteger a Igreja dos seus membros que sucumbem às tentações”. Como guardião, a sua primeira missão será acompanhar os cardeais que participam no Fórum Económico Mundial de Davos, escondendo a sua perícia por trás da fachada de um simples guarda costas.
Se fosse um piloto para Banda Desenhada, era bem provável que não tivéssemos um segundo volume – que entretanto já chegou às livrarias portuguesas – depois deste “O Anjo de Malta” (Gradiva, 2020). Há, no entanto, algo de promissor neste Guardião, que tem claramente um passado que merece a pena ser revisitado. Se deixar de lado algum espírito Da Vinciano e o reabastecer antes com uns Martinis Bondianos, este Guardião poderá bem subir a fasquia. Veremos o que o segundo álbum nos reserva.
Yves Sente nasceu em Bruxelas em 1964. Com 6 anos de idade, Yves Sente descobre o álbum “Tintin no Congo” e, aos 11 anos, “A Marca Amarela”. Em 1983, termina o curso na American High School Chicago. Em 1986, obtém o diploma em Direito e publica alguns cartoons. Foi chefe de redacção das revistas Hello BD, Jet, Kuifje (o Tintin holandês) e director editorial das Éditions du Lombard. Em 1997, sob anonimato, envia à Dargaud um argumento para a série Blake e Mortimer. Não demorou muito tempo até a identidade deste talentoso argumentista ser descoberta.
Em 2000, é publicado o 14.º álbum da série Blake e Mortimer – A Conspiração Voronov, com argumento de Y. Sente e desenho de A. Juillard, que foi muito bem recebido pelo pelo público e pela crítica.
François Boucq (Lille, 1955) é um desenhista de banda desenhada francês. É conhecido pela saga Bouncer, com roteiro de Alejandro Jodorowsky. Trabalha na editorial Humanoides Asociados, com Jean Giraud e Juan Giménez.
Sem Comentários