“Tudo começou quando um pássaro deixou de cantar”. É este o primeiro e isolado acontecimento que, num efeito de bola de neve, vai levar a um movimento silencioso que se estenderá a toda a animália, num frenesim tão grande que, de repente, o silêncio dará lugar à acção.
Assim, quando se intensifica “O Protesto” (Orfeu Negro, 2020) animal, as vacas recusam-se a dar leite e os gorilas a deixarem-se fotografar pelos visitantes do zoo. Está firmado um pacto à escala global, capaz de fazer as manchetes dos jornais e de juntar as crianças a esta causa.
Mora nestas páginas um activismo silencioso, metafórico, interventivo e acutilante, e tudo isto sem a necessidade de ser panfletário. O final é intrigante e muito bem embrulhado, convidando à reflexão e a uma atitude responsável e activista em defesa de uma natureza que estamos a abandonar sem remorso. A paleta de cores utilizada é reduzida, mas suficiente para dar corpo e embalo a ilustrações carregadas de expressividade e movimento.
Eduarda Lima estudou arquitectura e dedica-se à ilustração e à animação 2D, num percurso internacional e premiado. Em 2019 participou na exposição anual ILUSTRA 33, e o seu trabalho foi seleccionado para o Encontro Internacional de São João da Madeira. “O Protesto” é o seu álbum de estreia.
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