Faz parte da colecção de banda desenhada Descobridores, lançada pela Gradiva no ano de 2018, e apresenta-nos a uma daquelas personagens históricas marcadas pela controvérsia, a que uns reservam o estatuto de herói e, outros tantos, um lugar de época no Inferno.
Para Christian Slot, membro da Société des Explorateurs Français e autor do texto de “Magalhães: Até ao Fim do Mundo” (Gradiva, 2018), “Magalhães é um enigma. É um dos maiores exploradores de todos os tempos, revolucionou a navegação mundial, e no entanto ninguém conhece a sua vida”. Alguém que, na maior parte das biografias e notas de rodapé, vai sendo apresentado com “um ser austero, frio e pouco afável”, mas que terá sabido esconder o jogo de uma apertada e vigilante Inquisição: terá dito que apenas iria descobrir uma nova rota para as Ilhas das Especiarias, e não o desejo de uma volta ao mundo que mostrasse que este era redondinho.
Não reconhecido em Portugal por aqueles dias, Magalhães foi vender o seu peixe a Espanha, de onde partiu com a firme convicção de satisfazer o seu desejo de viajar na direcção do oeste e regressar por leste, inventando dessa forma a circum-navegação.
O livro tem início a 27 de Abril de 1521, na Ilha de Mactan, com Magalhães gravemente ferido, não parecendo estar em condições de regressar com os seus companheiros a Sevilha, cidade à qual dos 239 que partiram apenas irão volver 18. Um expedição da qual fez parte Antonio Pigafetta, cronista de Fernão de Magalhães e da sua expedição, que durante esta se dedicou a escrever um diário dos 1100 dias do périplo.
A pergunta que todos fazem, incluindo o Imperador espanhol, é a do paradeiro de Magalhães. Uma pergunta para a qual a resposta começa a ser dada a 19 de Agosto de 1519, dia da partida do Victoria e da restante comitiva, numa viagem marítima feita de traições, jogos de poder, violência, desespero, coragem, estratégia e perseverança.
Christian Clot apresenta uma versão da viagem baseada em factos e documentos reais, mas também uma que representa a sua visão de autor, a que não falta um twist capaz de ser transformado num thriller histórico de grande nível – abre o olho Netflix.
Os desenhos de Thomas Verguet e Bastien Orenge mergulham com estilo nesta época histórica, num álbum que inclui ainda um dossier histórico, preparado por Christian Clot, com alguns factos confirmados da epopeia de Magalhães e do contexto em que esta se desenrolou.
Na colecção Descobridores, estão também já editados os livros “Tenzigng: No Teto do Mundo com Edmund Hillary” e os dois volumes dedicados a “Darwin”.
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