No texto introdutório a “Sou do tamanho do que vejo” (Fábula, 2019), uma antologia de poesia onde surgem três heterónimos de Fernando Pessoa, Carla Maia de Almeida fala, a partir de uns versos de Pessoa, de uma ideia essencial para quem se dedica à literatura e a outras formas de arte: “a sensação de que tudo começa começa na infância e nesse tempo mágico em que absorvemos a vida com toda a sensibilidade e pureza”. Uma mistura de sonho e de medo que, mais tarde na linha temporal, irá remeter para uma emoção a que decidimos chamar nostalgia.
É precisamente na infância que começa esta viagem ao mundo do maior criador de heterónimos, muito bem guiada por Carla Maia de Almeida, do qual três deles surgem neste livro – Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis – a par do próprio Pessoa. Neste curto resumo da vida do poeta dos poetas, partimos com ele, aos 17 anos, numa viagem da África do Sul para Lisboa; conhecemos o amigo Mário de Sá-Carneiro, com quem fundou a revista Orpheu; abrimos a célebre arca, onde se diz morar cerca de 30000 textos inéditos.
Nesta Antologia tripartida, estão reunidos clássicos como “O Mostrengo”, “Mar Português”, “Autopsicografia”, “O Infante” – todos de Pessoa -, “Todas as cartas de amor são” – Álvaro de Campos -, “Sou um guardador de rebanhos” – Alberto Caeiro – ou “Sim, sei bem” – Ricardo Reis.
As ilustrações deste nono volume da colecção Pé de Pato estão a cargo de Jaime Ferraz, que casam bem com esta aproximação do público jovem ao fascinante universo de Fernando Pessoa. Ou, também, aos adultos que tenham andado a dormir e não conheçam ainda a poesia do mestre.
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