É mais um clássico da literatura universal que regressa às livrarias nacionais, agora à boleia da colecção Tesouros da Literatura – que, como já vai sendo tradição, chega com uma bonita ilustração na capa e um prefácio assinado por Carla Maia de Almeida.
“Robinson Crusoé” (Fábula, 2019) é a história de um homem que, nas suas palavras, nasceu para ser o responsável pela sua própria destruição, contrariando sempre “o modo de vida com que a Natureza e a Providência insistiram em presentear-me e fazer-me aceitar como o meu dever”, numa luta constante entre a fantasia e a razão.
Ignorando o conselho da família, o problemático inglês Robinson Crusoé deixa o conforto do lar e faz-se à vida de marinheiro onde, depois de uma paragem no Brasil – onde a sorte mais uma vez parece insistir em dar-lhe o braço -, decide prosseguir com as suas aventuras marítimas, acabando por naufragar e chegar a uma ilha aparentemente deserta. Um lugar onde terá de recorrer à perseverança, à paciência, à inteligência e à imaginação para garantir a sobrevivência – bem como à escrita de um diário, que o ajudará a manter a sanidade até que a tinta acabe.
Daniel Defoe faz despertar em Crusoé o sentido prático, obrigando-o a uma aprendizagem forçada, a lidar com a força das circunstâncias, a uma interrogação constante da fé, da consciência e da distinção entre o bem e o mal. Há também uma presença constante da morte, onde os gatos se tornam uma praga e a Bíblia chega a ter a função do Livro das Perguntas.
Finda a leitura, a questão que fica é esta: depois de conhecermos e sobrevivermos à solidão extrema, como conviver com o bulício incessante do mundo? O livro está recomendado como leitura autónoma para o 2º ciclo.
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