O que é uma ideia? Parece ser esta a questão que vai fazer a cabeça de um cavalo preto chamado Big Bang, num dia em que acorda com a memória às avessas e a estranha impressão de ouvir algo. Sente, em cada uma das suas quatro patas, que está para acontecer qualquer coisa, “mas como procurar quando não se sabe o que se procura?”. Porém, assim que se abre a janela deste “Hei, Big Bang! (Ninguém disse que era fácil)” (Planeta Tangerina, 2019), o azul do céu toma conta das páginas, trazendo com ele uma série de outras cores.
Neste livro fabricado pela dupla Isabel Minhós Martins (texto) e Bernardo P. Carvalho (ilustrações), as sensações vividas por este cavalo vão desde sentir uma borboleta dentro das orelhas, batendo as asas, ou ter palavras debaixo da língua, que tentam a custo equilibrar-se.
Toda a gente lhe vai gritando para ir trabalhar, para responder às mensagens, para pensar numa ida à praia, para não se esquecer de levar comida, mas a única resposta que lhe ocorre, no meio de tantas dúvidas, inquietações ou estímulos, parece ser esta: “Eu já não sei coisa nenhuma”.
Um livro que, numa demanda a quatro patas, mostra que nem sempre as coisas são fáceis, convidando a conhecer, nas entrelinhas, as partidas da memória, a importância do silêncio, a necessidade de espaço pessoal e o poder de transformação que cada um guarda dentro de si.
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