Já alguma vez beberam uma daqueles whiskies que parecem ter sido destilados a martelo, capaz de provocar uma bebedeira alucinatória e uma ressaca digna de um dia de cama e juras de abstinência eterna – e, quem sabe, uma ida a uma reunião dos AA?
Pois bem, Brian Azzarelo (argumento) e Eduardo Risso (arte e cores) decidiram servir-nos um barril de Moonshine, o nome de uma saga baptizada a partir de uma palavra que serviu para designar as bebidas alcoólicas destiladas de alto teor, geralmente produzidas de forma ilícita, que tinham o mosto de milho como principal ingrediente.
“Comboio do Tormento” (G. Floy, 2019), o segundo volume da série, reúne os números #7-12 de Moonshine, e a conclusão do primeiro arco da história. Uma história que mete ao barulho lobisomens, bruxas, dramas e teias familiares, traições e enganos e, claro, bebedeiras de caixão à cova.
Estará Hiram Holt, o homem que não tinha interesse em negociar a sua pomada com os mafiosos, morto? A sua mulher acredita que não, e envia o filho Enos numa missão suicida para o descobrir. Um preço que, para Enos, é mais do que justo: “…o perderes-te no animal, tornares-te selvagem, aquela sensação quente e húmida, pagase quando voltas a ser homem”.
É um livro que opõe anjos a demónios, e que segue os passos de Lou Pirlo, conhecido como o “Torpedo”, que parece ser imortal – ou, pelo menos, ter um jogo de cintura tão esmerado que o faz capaz de fintar a morte. Depois de fugir com Delia, a sua nova miúda, num comboio de carga para longe tanto dos mafiosos de Nova Iorque como dos Hillbillies das montanhas apalaches que o queriam matar, acaba por se meter em sarilhos com S grande. Acaba mordido por um lobisomem e, à perna, terá o mais letal dos caçadores de monstros, que não descansará enquanto não o conseguir matar.
Uma viagem às profundezas da América dos anos 1920, com um toque de terror e de sobrenatural, que neste volume inclui ilustrações fantásticas de boa gente como Gabriel Bá, Fábio Moon, Rafael Albuquerque, Grampá e Paul Pope. Bebam com moderação e mantenham o paracetamol por perto.
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