Promovida pela Embaixada do Brasil em Lisboa, a Exposição “Morro da Favela“, de André Diniz (desenhos) e Maurício Hora (fotografias) inaugura a 14 de Fevereiro na Casa Pau-Brasil Lisboa, podendo ser visitada até 31 de Março.
A Exposição nasce do livro homónimo onde se conta a história deste fotógrafo, nascido e residente no Morro da Providência, a mais antiga favela brasileira, onde fundou a Casa Amarela, um centro de artes comunitário. Uma história real sobre uma realidade incrível e, ao mesmo tempo, assustadora e fascinante.
Esta iniciativa integra as acções do Programa Brasil em Quadrinhos, em parceria com a Bienal de Quadrinhos de Curitiba, e conta com o apoio da Casa Pau-Brasil Lisboa. Fica toda a programação e informação à boleia do press release.
14 Fevereiro | 18h00 – Abertura, conversa com o jornalista João Morales e sessão de autógrafos.
15 Fevereiro | 14h00 – Oficina “Contar com Imagens” – André Diniz
Inscrições gratuitas em expo.morrodafavela@gmail.com
16 Fevereiro | 15h00 – Palestra dos autores e sessão de autógrafos
Exposição Morro da Favela
André Diniz
Fotos de Maurício Hora
14 Fevereiro a 31 Março 2020
Segunda a Sábado – 10h00 às 19h00
Domingo – 12h00 às 18h00
Entrada livre
LOCAL
Casa Pau-Brasil Lisboa
Rua da Escola Politécnica, 42, em Lisboa
21 342 0954
André Diniz e o “Morro da Favela”
Prolífico argumentista e ilustrador brasileiro, André Diniz (Rio de Janeiro, 1975) publicou mais de 30 títulos por diversas editoras do seu país e, desde 2000, foi já galardoado por mais de uma vintena de vezes com os principais prémios brasileiros de Banda Desenhada.
“Morro da Favela” é um dos melhores exemplos do trabalho de André Diniz enquanto argumentista e desenhador e um dos seus livros mais internacionais, já que se encontra editado em França, Reino Unido, Polónia e Portugal.
Nesta obra, retrata as memórias do fotógrafo Maurício Hora, nascido e criado no Morro da Providência (Rio de Janeiro), também conhecido como Morro da Favela, a primeira favela brasileira, nascida/ criada em 1897. E utiliza uma narrativa necessária para se entender o dia a dia das favelas do Rio através do ponto de vista de um morador, que procurou na fotografia a sua identidade e acabou por fazer um registo que entrou para a história da cultura carioca.
É importante referir que, nos 27 anos em que morou no Rio, André Diniz viveu em bairros de classe média como Santa Teresa e Copacabana, e nunca tinha tido contacto com uma favela, o que só viria a acontecer, já com 33 anos de idade, ao conhecer Maurício Hora, que o levou a calcorrear os meandros do Morro.
Como resultado destas visitas, que lhe serviriam de inspiração, André Diniz lança-se ao trabalho e, usando o contraste seco do preto e branco, mostra os tons de cinza do quotidiano de Maurício, a sua relação com a vida e a morte, com a polícia e os bandidos, com a prisão e a liberdade, com o morro e o asfalto.
Em 2013 André Diniz visita pela primeira vez Portugal. Fica de tal modo agradado com o país que, em 2016, se muda de armas e bagagens para Lisboa.
“Morro da Favela” foi o seu primeiro livro publicado pela Polvo, em 2013, e marcou o início de uma frutuosa colaboração que conta, em 2020, com 8 títulos publicados, em parceria ou a solo. Este título marcou, igualmente, o início de uma ambiciosa colecção, “Romance Gráfico Brasileiro”, que procura dar a conhecer ao leitor português um pouco do que de melhor se tem vindo a fazer recentemente nos “quadrinhos” de além-mar.
Mas o percurso de “Morro da Favela” não se ficou apenas pelas páginas impressas. Foi ainda tema de exposições na Bedeteca de Beja e no Amadora BD (Portugal), no festival Étonnants-Voyageus, em Saint-Malo (França), palestras em The University of Manchester e Freie Universitat Berlin, entre outros eventos. Agora, pela primeira vez, reúnem-se as suas pranchas às fotos de Maurício. Dá-se o caso de ser em Lisboa.
Rui Brito
Polvo Editora
MORRO DA FAVELA e Programa Brasil em Quadrinhos
A produção de bandas desenhadas no Brasil — por lá chamadas de “histórias em quadrinhos” — vive um momento de grande dinamismo. Com a diversidade de temas explorados, e com a crescente sofisticação da produção gráfica, deu-se a conquista natural de um novo público no exterior. O reconhecimento internacional à excelência da produção brasileira torna-se evidente nas premiações conquistadas por autores como Marcello Quintanilha no festival de Angoulême (2016) ou Marcelo d’Salete, ganhador do Prémio Eisner em 2018. Em Portugal, o interesse pelas banda BD brasileira tem sua melhor ilustração no crescente espaço conquistado em festivais como a Amadora BD e o Festival de Beja.
Foi para favorecer essa difusão noutros países que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, associado à Bienal de Quadrinhos de Curitiba, desenvolveu o programa “Brasil em Quadrinhos”. E é nesse contexto que a Embaixada do Brasil em Lisboa promove a presente exposição, baseada na obra emblemática de André Diniz, “Morro da Favela” — uma biografia em quadrinhos do inovador fotógrafo brasileiro Mauricio Hora. A exposição permitirá ao visitante, pela primeira vez, apreciar conjuntamente os desenhos de Diniz e as fotografias de Hora, convidando-os a uma reflexão acerca da temática urbana desenvolvida com grande sensibilidade numa e noutra forma de expressão, mas principalmente sobre a intertextualidade que orientou a concepção do projecto.
Carlos Alberto Simas Magalhães
Embaixador do Brasil em Lisboa
ANDRÉ DINIZ
Guionista, argumentista e ilustrador de BD, nasceu em 1975, no Rio de Janeiro. Começou a sua actividade artística em 1994, com fanzines fotocopiados. Três anos depois, participou nos projectos Tiririca em Quadrinhos e O Estranho Mundo de Zé do Caixão e, em 1999, lançou o primeiro livro, em edição de autor, Subversivos.
Em 2011 desenhou e escreveu Morro da Favela, concebido a partir das fotografias de Maurício Hora, retratando a vida do fotógrafo e a realidade do Morro da Providência (cenário a que regressaria com Olimpo Tropical com argumento seu e desenhos de Laudo Ferreira Jr.).
Na Europa, André Diniz ilustrou romances brasileiros em edição francesa, publicou uma BD de duas páginas no semanário italiano Internationalle e as suas pranchas foram expostas em festivais como Saint-Malô (França), Amadora, Beja e Coimbra (Portugal), tendo feito palestras na Universidade de Coimbra, Freie Universitat Berlin e Manchester University.
Entre os seus trabalhos mais conhecidos estão 7 Vidas, Que Deus Te Abandone, O Idiota (adaptação de Dostoievski), Malditos Amigos, Olimpo Tropical e Morro da Favela.
MAURÍCIO HORA
Fotógrafo, nascido no Rio de Janeiro em 1968, viu o seu nome transformado num símbolo artístico ao criar a Casa Amarela, em 2009, com o artista francês JR (Jen René). Localizado no Morro da Providência (onde Maurício nasceu e habita), trata-se de um centro cultural comunitário, que agrega música, dança, ioga, exposições e outras formas de cultura, como política de inserção e combate à discriminação.
Maurício Hora viu a sua história celebrizada além-fronteiras com o lançamento de Morro da Favela, álbum de BD com argumento de André Diniz, publicado em 2011 no Brasil e em 2013 em Portugal (Polvo).
Com mais de 20 anos dedicados à fotografia, Maurício foi director do Projeto Favelité, onde, em 2006, cobriu as paredes da estação do Metropolitano do Luxemburgo com fotos em tamanho real das casas do Morro da Providência. Compôs a exposição “28 milímetros: Mulheres / JR”, com JR e a mostra “Morro da Favela”, por onde passaram 35 mil pessoas, na Casa França Brasil (RJ).
GIBITECA MÓVEL DE CURITIBA
Sabe o que é um gibi, no Brasil? Um livro de BD. Em 2012 surgiu a Bienal de Quadrinhos de Curitiba, criada para celebrar os 30 anos da Gibiteca de Curitiba, considerada a primeira do Brasil. Inaugurada em 1982, sob idealização e direção de Key Imaguire Jr., arquiteto, professor, coleccionador e homenageado da nossa edição de 2018.
As gibitecas têm um papel fundamental na formação de leitores e artistas, pelo seu amplo painel da história da BD, diversos estilos e editoras, bem como pela sua programação.
A Bienal de Quadrinhos de Curitiba presta homenagem às gibitecas, importantes espaços de desenvolvimento da linguagem da BD.
Desde 2011, arrecadamos centenas de gibis, além de promovermos doações de lançamentos de artistas e editoras parceiras da Bienal. Em cada edição, uma parte das doações é oferecida à Gibiteca de Curitiba, outra parte é aplicada em acções de circulação, em projectos como esta exposição. E assim nasceu a Gibiteca Móvel da Bienal de Quadrinhos de Curitiba!
O acervo aqui apresentado é uma pequena amostra da diversidade da Nona Arte brasileira e é destinado à consulta no local, durante o período da exposição. Portanto, visite nossa estante, folheie um livro e boa leitura!
CASA AMARELA
Madonna e Sacha Baron Cohen estão entre os artistas que já passaram pela Casa Amarela, um centro cultural comunitário localizado no Morro da Providência (onde se ergueu a mais antiga favela do Rio de Janeiro), projecto de experimentação artística e formação como combate à exclusão, nascido da imaginação de dois artistas, o brasileiro Maurício Hora e o francês JR.
O espaço é utilizado para desenvolver actividades em torno da Educação e Cultura – oficinas de arte, teatro, capoeira, dança, ioga, fotografia ou aulas de línguas estão entre as centenas de actividades anuais que dão vida a este espaço.
A Casa Amarela está aberta todos os dias para os residentes, que vêm depois da escola ou do trabalho para usar o espaço.
Em 2017, JR construiu uma lua gigante, colocada no topo da casa Amarela, tornando-se rapidamente numa das suas criações artísticas mais famosas internacionalmente e, de certa forma, um símbolo de todo o projecto.
OFICINA
Contar com Imagens
André Diniz
Dia 15/02
Casa Pau-Brasil (R. da Escola Politécnica 42; Lisboa; telef: 21 342 0954)
14h / 16h
Maiores de 15 anos
Lotação: 15 vagas
Inscrições gratuitas:
expo.morrodafavela@gmail.com
A linguagem da banda desenhada é a soma perfeita de duas outras: a escrita e o desenho.
Mesmo que não haja texto numa BD, a escrita está ali, nos bastidores. Para que os desenhos não sejam apenas uma sucessão de imagens e se transformem numa narrativa, uma história deve ser escrita previamente.
Para isso, dois conceitos são fundamentais: a síntese e “mostrar, não contar”.
A oficina Contar com Imagens, ministrada por André Diniz (argumentista e desenhador de BD), tem como proposta trabalhar estas duas ferramentas, para que o participante saiba fazer o leitor vivenciar a sua história da forma mais natural e intensa possível.
Não é necessário ser desenhador para participar da oficina.
Qualquer esboço é válido; é o seu. E é único!
A linguagem da BD está à sua espera!
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