É, nos dias que correm e em relação ao universo dos comics, a série que melhor mistura as agruras da adolescência, o peso da tradição, a conquista da identidade e o respeito pela diferença. Num mundo onde, também ele, os homens têm tido o domínio quase absoluto, a nova série – e a nova – Ms. Marvel é um pequeno achado, tratando de temas sérios com um humor refinado e uma ironia que só lhe fica bem.
“Ms. Marvel: Apanhada” (G. Floy, 2019), o terceiro volume na edição portuguesa com o selo da G. Floy, traz-nos de forma algo inesperada Loki que, com a sua criatividade sublime, acaba por se ver atirado para um monte de estrume de cavalo, sendo transferido do Reino de Asgard para Nova Jérsia. Uma missão que pode acabar por ter uma importância que não lhe parece devida, uma vez que é aqui que um homem que se auto-intitula inventor estará a construir um dispositivo capaz de criar singularidades gravitacionais – que em teoria poderá derrubar a barreira entre Midgard e Asgard.
Quanto a Kamala Khan, continua a divertir-nos com o seu humor jovial, seja quando responde à mãe “só suo quando ninguém está a ver” ou, então, quando não acha muita piada ao jantar arranjado com o limpa-salões que tem – ou tinha – o péssimo hábito de pôr o dedo no nariz.
A verdade é que o rapaz parece ter sido esculpido a partir de pedras arrancadas ao imaginário de Kamala, gostando de jogar World of Battlecraft, partilhando o mesmo gosto cinéfilo e olhando para o mundo com a mesma melancolia e morna rebelião. A coisa bate tão forte que Kamala chega mesmo a dizer: “Estou tão feliz que quase fiz chichi nas calças“.
Neste volume que, à primeira vista, poderia passar por uma edição comemorativa do Dia dos Namorados – há corações a pulsar ou em fanicos a rodos -, temos ainda a revelação de um inesperado segredo de família, a confecção de uma pizza muito marada e a entrada em cena de Jemma Simmons, técnica da S.H.I.E.L.D. Respira saúde esta nova série com o selo da Marvel.
Sem Comentários