Ano novo, livros novos. Está aí 2020 e, como manda a tradição e o espírito livreiro, novidades a chegar às estantes e prateleiras. A Antígona entra com tudo, com novidades de primeira linha onde estão, por exemplo, Tempo do Coração, obra que reúne a correspondência de Ingeborg Bachmann e Paul Celan, aquela que se diz ser a obra-prima de H. G. Wells ou um conjunto de breves ensaios de Kenneth Rexroth.
Ficção
“A Máquina Pára e Outros Contos” | E. M. Forster
Data de lançamento: 17 Fevereiro
Do famoso autor de “Um Quarto com Vista” (1908) e de “Passagem para a Índia” (1924), chega-nos um surpreendente conjunto de ficções de E. M. Forster (1879-1970), escritas entre 1904 e 1920, entre os quais «O Outro Lado da Sebe», «A Diligência Celestial» e «O Momento Eterno», oscilando entre a fantasia e o simbolismo da fábula. Destaca-se o conto que dá nome ao livro, «A Máquina Pára» (1909): texto visionário de ficção científica em que Forster prevê certeiramente uma sociedade à mercê de uma gigantesca infra-estrutura tecnológica.
“Tempo do Coração – Correspondência de Ingeborg Bachmann e Paul Celan”
Data de lançamento: 3 Março
Em Março, chegará às livrarias “Tempo do Coração”, obra que reúne a correspondência de Ingeborg Bachmann e Paul Celan – duas das mentes mais brilhantes no firmamento da literatura do século xx –, um diálogo epistolar, amoroso e intelectual que se estendeu por mais de quinze anos. Essencial para a biografia dos dois autores mas também para a compreensão das respectivas visões da poesia, inclui ainda correspondência trocada entre Paul Celan e Max Frisch, e entre Ingeborg Bachmann e Gisèle Celan-Lestrange. Tempo do Coração viria a inspirar, em 2016, o filme Die Geträumten, de Ruth Beckermann.
“Poemas Escolhidos” | Rosario Castellanos
edição bilingue
Data de lançamento: 23 Março
Rosario Castellanos (1952-1974), símbolo do feminismo latino-americano, férrea defensora dos índios do Chiapas e destacada intelectual mexicana, legou-nos uma obra que se repartiu por vários géneros literários, assente na denúncia da discriminação sexual e da segregação racial e social. Esta antologia reúne alguns dos melhores poemas da autora, entre os quais «Kinsey Report», «Valium 10» e «Poesia Não és Tu».
“Tono-Bungay” | H. G. Wells
Data de lançamento: 23 Março
“Tono-Bungay” (1908), para muitos, entre os quais D. H. Lawrence, a obra-prima de H. G. Wells, é a história de uma mistela convertida em elixir e panaceia universal, que restaura a saúde, a beleza e a energia, e de todo o império comercial que nela assenta. Uma sátira à mercantilização crescente e à credulidade do mundo, uma obra de comentário social e, mais do que um grande romance resgatado do esquecimento, uma denúncia do capitalismo do século xx e de uma sociedade à deriva.
“Contos Completos” | Graça Pina de Morais
Data de lançamento: 13 Abril
Volume que reúne novelas e contos de Graça Pina de Morais (1929-1992), num singular percurso dos primeiros textos até à maturidade da autora. Desta colectânea constam, entre outros, os textos reunidos anteriormente n'”O Pobre de Santiago” (2001) e “A Mulher do Chapéu de Palha” (2000), editados pela Antígona, as ficções de “Na Luz do Fim” (1961) e vários contos dispersos.
Não-Ficção
“Dicionário da Mitologia Grega e Romana” | Pierre Grimal
Data de lançamento: 23 de Janeiro
Publicado originalmente em 1951 e objecto de inúmeras reedições pelo mundo, o “Dicionário da Mitologia Grega e Romana” é hoje uma obra de referência sobre a Antiguidade Clássica, fruto de um extenso trabalho de inventariação de um dos maiores classicistas franceses. Glossário de histórias e figuras mitológicas, contribui para a interpretação de textos e obras de arte, desvendando a origem de tópicos e imagens que fazem parte da memória colectiva da cultura ocidental.
“Antígona 40 Anos”
organização Luís Oliveira
Data de lançamento: 2 Março
Uma antologia de testemunhos de quem está ou esteve ligado à editora, uma homenagem ao projecto desenvolvido pela Antígona ao longo de 40 anos, completados em 2019. Um brinde aos próximos 40!
“A Liberdade é Uma Luta Constante” | Angela Davis
Data de lançamento: 13 Abril
Nesta ampla selecção de ensaios, entrevistas recentes e discursos, a célebre activista Angela Davis lança uma nova luz sobre as lutas contra a violência de Estado e a opressão em vários pontos do mundo – da Palestina à África do Sul –, desmontando estruturas do sistema capitalista que perpetuam conflitos. Reflexão sobre os combates históricos do movimento negro nos EUA, a abolição das prisões e as agressões globais ao ser humano, “A Liberdade é Uma Luta Constante” (2015) relembra-nos que dar tréguas à injustiça é multiplicar formas de submissão.
“Clássicos Revisitados” | Keneth Rexroth
Data de lançamento: 11 de Maio
Conjunto de breves e brilhantes ensaios publicados originalmente na Saturday Review, entre 1965 e 1969, sobre sessenta livros que são, para o autor, «documentos essenciais da história da imaginação», do Oriente ao Ocidente: do Épico de Gilgamesh, passando pela Ilíada e a Odisseia, a Beowulf, de escritores como Flaubert, Rimbaud, Twain e Sterne, entre outros. Leitor voraz, poeta e autodidacta, Kenneth Rexroth (1905–1982) – considerado pela revista Time «o pai dos beats» – foi uma das figuras mais destacadas da San Francisco Renaissance nos anos 50 e 60 e desempenhou um papel muito activo em vários grupos libertários em defesa dos direitos civis e contra a Guerra do Vietname.
“Porquê Olhar os Animais?” | John Berger
Data de lançamento: 25 Maio
Um conjunto de ensaios que explora a degradação da relação entre o homem e a natureza na era do consumismo moderno, e a redução dos animais (outrora no centro da existência humana) à categoria de espectáculo. Uma reflexão sobre o tortuoso percurso do animal, de musa inspiradora na arte do homem primitivo a divindade espiritual e, actualmente, a fonte de entretenimento, confinado a circos e jardins zoológicos.
“Laocoonte” | G. E. Lessing
Data de lançamento: 27 Abril
“Laocoonte ou sobre as Fronteiras da Pintura e Poesia” (1766), a obra maior de Lessing, é um texto essencial da teoria estética e um clássico sobre a natureza da pintura e da poesia, os seus limites, esferas e especificidades. Contestando o ut pictura poesis e visando a libertação das artes desta premissa, o seu impacto manteve-se até aos nossos dias, tendo sido recuperada nomeadamente por Eisenstein e Greenberg.
“Comentários à Sociedade do Espectáculo” | Guy Debord
seguidos de Prefácio à Quarta Edição Italiana d’A Sociedade do Espectáculo
Data de lançamento: 8 Junho
Este clássico do situacionismo, companheiro imprescindível d'”A Sociedade do Espectáculo”, é uma das mais pertinentes e visionárias reflexões sobre a sociedade ocidental dominada pelos media, pela tecnologia e pelas imagens. Publicados em 1988, vinte e um anos depois d'”A Sociedade do Espectáculo”, os Comentários – agora em nova tradução – actualizam vários aspectos desta obra e seguem o fio da meada da retorcida lógica da sociedade espectacular que cada vez mais conduz à irracionalidade.
Sem Comentários