Poesia, biografia, contos, romance, literatura de viagens. Há um pouco de tudo nestas 10 sugestões de livros escritos em português, que podem bem acabar no sapatinho de alguém.
“Preciosa” | Nelson Nunes
Editora: Planeta
Ler “Preciosa” é conhecer muito mais do que a infância e adolescência de Nelson Nunes. A sua história é a história de milhares de famílias que, diariamente, lidam com o medo, a dor, a instabilidade emocional, o aprisionamento no seio familiar e sonhos de liberdade que, em grande parte dos casos, não passa mesmo disso: de um sonho. “Preciosa” fala da violência doméstica com capítulos arejados. Não podia ser de outra forma, pois o sentimento de injustiça é tão forte que se torna necessário respirar fundo de vez em quando. Este livro precisa de ser lido não apenas para conhecermos a história de Marco e Esmeralda, mas sobretudo para conhecermos a realidade invisível de quem sobre diariamente abusos domésticos. E termos acesso a esta informação é uma forma de podemos agir ou opinar objectivamente sobre um problema público.
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“Alojamento Letal” | Álvaro Filho
Editora: Planeta
Um livro que abre as ruas de Lisboa a um género literário pouco explorado em Portugal: o policial. Montando a intriga como quem monta uma estante do Ikea sem precisar de recorrer às instruções, Álvaro Filho coloca um serial killer no bairro de Alfama. Mistério, sedução e ironia, numa história inspirada na realidade mais ou menos moderna das cidades atormentadas pelo turismo desenfreado e encostada à parede pela especulação imobiliária.
“O Poço e a Estrada” | Isabel Rio Novo
Editora: Contraponto
Esta é uma biografia que pode ser lida como um verdadeiro romance, cuja leitura prazerosa se desenvolve na busca do entendimento da vida e da personalidade de uma escritora considerada, por muitos, enigmática.
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“A Mulher Que Correu Atrás do Vento” | João Tordo
Editora: Companhia das Letras
“A Mulher que Correu Atrás do Vento”, de João Tordo, traz à boca de cena 4 mulheres, 3 países e mais de 1 século para friso cronológico. Isto e mais uma antologia de livros, músicas, contos, peças de teatro e inúmeras referências, que pretendem enredar ainda mais o leitor. Dito assim parece simples, mas quem é assíduo nas leituras deste autor sabe que o espera sempre um livro mais intrincado que o anterior – e este não é excepção. No entanto, todo este romance, ou os livros dentro deste livro, são sobre a luta entre o esquecimento e o abandono, de gente que é mais vento do que gente. São os defeitos e medos, os estados de espíritos perturbados e as indecisões paralisantes, os acasos e os lugares melancólicos, os cheiros que persistem e os olhos muito entregues às profundezas, os ingredientes que Tordo mistura muito bem, prendendo o leitor na busca por compaixão e pela redenção das personagens, “como quem tenta encontrar florzinhas perdidas no meio de um desastre nuclear“.
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“O Elo Invisível” | Patrícia Maia Noronha
Editora: Gato Bravo
No prefácio a “O Elo Invisível”, Paulo Neto, director da revista literária “aquilino”, fala da escrita como “depurada. Despojada de adereços mas fulgente como a vida. A vida sem concessões“. De facto, se há algo que une esta série de contos assinada por Patrícia Maia Noronha, será talvez uma sensação de medo profundo, medo esse partilhado quase sempre em silêncio mas que é parte maior e comum da aventura humana. A escrita de Patrícia Maia Noronha é concisa mas certeira, sem grandes artifícios mas, ainda assim, capaz de criar experiências sensoriais profundas, em contos breves onde o humor é cáustico, a esperança uma luz ténue e a solidão impera.
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“Paz Traz Paz” | Afonso Cruz
Editora: Companhia das Letras
Afonso Cruz volta a misturar livros e personagens, desta vez trazendo para dentro de “Paz Traz Paz” a narradora de “O Livro do Ano”, uma menina que carregava um jardim na cabeça e gostava de atirar palavras aos pombos. Com o ar de uma agenda para um ano incerto, este é um diário que mistura pensamentos, inquietações, experiência e sonhos, tudo com a poesia – e as ilustrações – a que Afonso já nos habituou.
“Notas da Ilha” | Teresa Canto Noronha
Editora: Letras Lavadas
Nascida na cidade de Ponta Delgada, Teresa Canto Noronha tornou-se jornalista em 1989, tendo sido correspondente em Bruxelas e Roma, antes de regressar a Lisboa. Em Maio de 2017 criou uma página de facebook, intitulada “Notas da Ilha”, onde entre o olhar jornalístico e a paixão do lugar escreve crónica e textos sobre as suas vivências e memórias na Ilha de S. Miguel. Qualquer coisa como um guia alternativo, apaixonante e muito pessoal sobre um dos lugares mais bonitos do planeta.
“A Visão das Plantas” | Djaimilia Pereira de Almeida
Editora: Relógio D`Água
Acaba de chegar às livrarias o novo livro de Djaimilia Pereira de Almeida, inspirado em “Os Pescadores”, de Raul Brandão, que apresentava como que em tela personagens que havia conhecido quando era levado pela mão até ao colégio. Entre eles estava o capitão Celestino, para quem Djaimilia inventa uma outra vida neste pequeno livro.
“A Morte Não é Prioritária” | Paulo José Miranda
Editora: Contraponto
Manoel de Oliveira dedicou-se a tempo inteiro ao cinema aos 70 anos, idade em que a maioria das pessoas só quer reformar-se e aproveitar para ir em viagem, a banhos ou ficar simplesmente na lanzeira. Em jovem, foi campeão nacional de salto à vara e chegou a experimentar o trapézio voador. Foi piloto de automóveis, tirou o brevet de piloto, agricultor, gestor industrial e ainda fez uma perninha como galã de cinema. Em “A Morte Não é Prioritária”, Paulo José Miranda atravessa a filmografia do realizador português, procurando compreender os filmes que ia produzindo à luz do seu tempo. O resultado é uma biografia crítica, com o toque muito pessoal e poético de Paulo José Miranda.
“Filho da Mãe” | Hugo Gonçalves
Editora: Companhia das Letras
Hugo Gonçalves permite que o leitor habite o seu mundo mais íntimo, partilhando relatos da sua vida pessoal e familiar, impregnados de reminiscências e de emoções. Como o próprio anuncia, trata-se de excertos de um mundo real, facto que, só por si, faz com que o leitor se sinta bafejado pela generosidade do autor que se desnuda perante o mundo. E fá-lo expondo processos de sobrevivência à morte, ao luto, à perda e a uma certa fobia de estar e ficar, mantendo-se compulsivamente em movimento e em mudança de vida, considerando-a capaz de caber em duas malas de viagem.
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“Cada Um Com o Seu Contrário Num Sujeito” | Hélder Macedo
Editora: Abysmo
“Cada um com o seu contrário num sujeito”, é um verso da Canção VII – “Manda-me amor que cante docemente” – que dá nome ao ensaio apresentado em maio de 2005 na Universidade Federal do Rio de Janeiro, publicado então no Brasil e, agora, apresentado e publicado pela editora Abysmo. Pequeno mas denso, é um ensaio que nos convida à (re)leitura de textos clássicos e da obra de Camões. Um texto que nos interpela, na tentativa de compreender a história e a natureza humana, e onde questões como a originalidade, a linguagem, as divindades pagãs e o amor são algumas das reflexões possíveis.
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“Razões para Escrever” | Margarida Fonseca Santos
Editora: Nós Na linha
“Razões para Escrever”, de Margarida Fonseca Santos, conta-nos o percurso da autora, mas simultaneamente a relevância para entrar no jogo da palavra escrita, da escrita lúdica, onde se desafiam as regras rígidas de gramática e da sintaxe – o que importa é “desbloquear” para brincar com a palavra. “O meu campo são as palavras”, escreve Margarida no início do livro, aconselhando-nos a arrumá-las, desarrumá-las e voltar a arrumá-las numa folha branca. O que importa é escrever, escrever, escrever.
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