Após um quarteto de livros passados em ilhas paradisíacas e de um outro que nos fez entrar no clássico território do medo, Benji Davies, um dos autores/ilustradores que por aqui temos em altíssima conta, apresenta-nos agora a “Nina” (Orfeu Negro, 2019), a girina mais pequena de uma lagoa onde toda a gente parece crescer menos ela.
É, lê-se a certa altura, uma quase-rã, que tinha de abanar a cauda duas vezes para poder acompanhar as outras, que com apenas uma ainda lhe conseguiam ganhar vantagem. A vida na lagoa tinha também ela uma lenda de nome Grande Glup, “um peixe grande, enorme e feio”, “tão velho como a lagoa”, que vivia na sua “parte funda e escura”. Nina não acreditava em nada disso, mas só para prevenir preferia deslizar apenas nas zonas altas e iluminadas.
Os outros girinos vão crescendo e fazendo-se à vida, e são cada vez menos as irmãs que vai tendo junto dela. Até que fica sozinha, entregue à tarefa de se mover entre os melhores esconderijos, interrogando-se sobre se é o não verdade que o Grande Glupp anda por ali.
Neste livro sobre o medo e o crescimento, Benji Davies faz outra vez magia, novamente com a água por perto mas agora a grande profundidade, mas o melhor está mesmo guardado para as páginas finais, qualquer coisa como uma epifania colorida que faria inveja ao mais bem feito arco-íris. Se existir um David Attenborough, ele será certamente Benji Davies.
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Benji Davies, autor de livros ilustrados e realizador de animação, vive em Londres e estreou-se na literatura para crianças em 2014, com o livro A Baleia, distinguido com o Oscar`s Book Prize. Na colecção Orfeu Mini assina os álbuns A Baleia, O Regresso da Baleia, O Pássaro da Avó, A Ilha do Avô e O Olharapo.
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