O aviso ao leitor é dado desde logo na contracapa de “Troca-Tintas” (Orfeu Negro, 2019), que conta com texto e ilustrações de Gonçalo Viana: “Este livro está estragado! Cores em revolução. Paisagem desarrumada“.
De facto, para aqueles que não ligarem a este explícito sinal de perigo, o mais certo será encontrarem coisas muito estranhas, como quando surgem “dois amigos, um cão cor-de-laranja, um papagaio vermelho e uma árvore…branca“.
Para quem perdeu o aviso da contracapa, sugere-se prontamente a devolução do livro, mas a vontade de recomeçar é já grande. E nem uma nuvem verde que surge no céu ou a vaia monumental ao ilustrador tirarão ao leitor a vontade de virar cada página, dando de caras com árvores indecisas e nuvens-doces – prova de que há. de facto. por ali um troca-tintas muito bem escondido.
Neste hino à imaginação espremido com muito humor e ainda mais nonsense, temos ilustrações com muita cor, rugosidades, riscos que são um mimo e uma tremenda geometria e arrumação especial, a que a formação de Gonçalo Viana terá certamente servido de inspiração. Há também rostos entre a indignação e o espanto, máquinas incríveis e um mundo que surge ao nosso olhar como um divertido parque de diversões. Um mundo virado do avesso, exactamente como deveria ser.
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Gonçalo Viana formou-se em arquitectura e dedicou-se em exclusivo à ilustração após uma longa vivência em Londres. Tem publicado os seus álbuns em Portugal e no estrangeiro e colabora regularmente com a imprensa. O seu trabalho tem sido seleccionado para várias exposições e premiado internacionalmente.
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