Megan Devos estreia-se no mundo literário com aquilo que poderia ser descrito como um romance normal, numa realidade desconhecida e algo pós-apocalíptica. “Anarquia” (Asa, 2019) não é uma história para os impacientes ou anárquicos, apenas mostra situações onde matar ou morrer é lei.
Hayden é chefe de um dos acampamentos montado pelos sobreviventes de uma guerra que dizimou a sua cidade. Grace, filha do chefe de um acampamento rival. Pelos seus olhos e pelas suas vozes conhecemos as realidades de quem cresceu sem memórias distintas de uma época de paz e normalidade. Pela relação com os restantes habitantes do acampamento, revela-se uma comunidade marcada pela tragédia mas, ainda assim, de algum modo prosperante. O seu dia a dia demonstra as características inerentes à condição humana: a necessidade de viver em sociedade.
Esta é, primordialmente, a história de Hayden, que pouco se lembra de um tempo antes de Blackwing e faz por não recordar, vivendo os seus dias com foco total nas tarefas da sua responsabilidade. Talvez por isso fiquem tantas questões por responder. Adivinha-se, assim, uma saga que desvende ao leitor tudo aquilo que Hayden faz por esquecer.
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