Semeão é um aluno que, nas aulas, tem por hábito sentar-se sozinho a sonhar acordado, não se cansando, nos intervalos, de dizer a toda a gente que tem um cavalo. Muitos miúdos acreditam no André, mas o mesmo não acontece com a Clara, a narradora desta história, que pensa assim com os seus botões: “Ele vive na cidade, como eu, e sei muito bem que não se pode ter um cavalo na cidade“.
Se não for pela falta de espaço, para Clara não é possível que alguém que almoça de graça na escola e tem buracos nos sapatos possa ter um cavalo. Razão pela qual, depois de chegar ao ponto crítico da zanga, diz em voz alta a todos aqueles que a queiram ouvir: “O André Semeão Não Tem Um Cavalo” (Fábula, 2019). Mas Clara tem uma lição muito importante a aprender.
História sobre a amizade e o poder da imaginação, “O André Semeão Não Tem Um Cavalo” olha o mundo para lá do que está à superfície, falando da importância de compreender o outro e de conseguirmos descer do pedestal, calçando os seus sapatos antes de emitir o juízo final.
As ilustrações são de Corinna Luyken, a autora de “O Livro dos Erros”, que segue o mesmo método deste último: começa timidamente, atira umas explosões pelo meio e termina numa recta final servida a todo o gás – as quatro últimas páginas são incríveis.
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