Esta é, diga-se em jeito de apresentação, uma história com muitos piparotes. Isto porque, até antes de completar nove anos de idade e sempre que dissesse “O Meu Amigo é o Melhor do Mundo” (Oficina do Livro, 2018), todos saberiam a quem Gil se referia. Afinal, este amigo tinha estado a seu lado em todas as festas de aniversário desde que se lembravam de ter vindo ao mundo, e até tinha havido vezes em que tinha sido ele a desenhar à mão os seus convites de aniversário.
Era uma daquelas amizades que pareciam ser indestrutíveis e para sempre, até que um novo miúdo chamado Salta-Pocinhas entra em cena. Sobre ele caíam todo o tipo de rumores, como ter vindo de África, do Brasil ou do Pólo Norte. Era o mais alto e musculado de toda a turma, um verdadeiro atleta, e passou a ser o maior dos maiores: “Marcava os golos ao primeiro toque, corria mais do que os outros, tinha as pontas do cabelo loiras como se apanhasse sol todos os dias, e a pele bronzeada de um tom caramelo tão bonito que deixava as meninas roídas de inveja“. E também era bom aluno, para além de andar sempre com a carteira cheia, o que fazia com que oferecesse livros aos colegas e sacos de gomas às meninas.
Também o Gil irá ficar enfeitiçado por este miúdo que parece ter superpoderes, passando cada vez menos tempo com o seu Melhor Amigo de sempre. Mas terá esta amizade pernas para andar quando terminar a fase do deslumbramento e as coisas normais da vida fizerem das suas?
Escrito por Maria João Lopo de Carvalho, “O Meu Amigo é o Melhor do Mundo” reflecte sobre a ideia e a realidade de os melhores amigos poderem ou não durar para sempre, até porque, os adultos que o digam, “a amizade dá trabalho e precisa de tempo para crescer“. Uma trabalheira danada.
Maria João Lopo de Carvalho é autora de várias colecções infanto-juvenis, todas elas no Plano Nacional de Leitura, como 7 Irmãos ou Hora H. Foi professora e trabalhou em publicidade e assessoria em educação e cultura, na Câmara Municipal de Lisboa. É também autora de romances históricos, dividindo o seu tempo entre a escrita e os encontros de autor em escolas e bibliotecas.
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