“Mac B. Mini Espião: Missão Secreta” | Mac Barnett e Mike Lowery

Azul, amarelo, preto e branco. Foi com estas cores que Mike Lowery decidiu desenhar e pintar o mundo de espionagem infantil inventado por Mac Barnett, uma falsa e deliciosa história biográfica onde um miúdo se irá tornar, entre os deveres escolares e o papel de filho exemplar, num agente secreto ao serviço da Rainha de Inglaterra.

Em “Missão Secreta” (Gailivro, 2019), a primeira das aventuras, Mac vive com a sua mãe na cidade de Castro Valley, ajudando-a em tarefas que incluem, por exemplo, atender o telefone. Numa dessas vezes de telefonista recebe uma chamada da Rainha de Inglaterra, que lhe incumbe da tarefa de encontrar as Jóias da Coroa, que acredita que estas foram roubadas pelo presidente da França, tudo porque lhe mostrou a língua durante um jantar. Já Mac está mais inclinado para o KGB, sobretudo depois de durante a viagem de avião da América para Inglaterra lhe terem palmado, em pleno vôo, o seu Game Boy com o jogo Spy Master.

Neste regresso aos anos 1980, Mac Barnet aproveita para dar aos mais pequenos algumas lições de cultura geral, que variam de país para país: de Inglaterra refere-se Henrique VIII, com uma tendência clara para cortar as cabeças das suas mulheres, o facto de Torre de Londres ser um nome mal escolhido – são várias torres, afinal -, o Canal da Mancha, que Guilherme, O Conquistador atravessou em 1066 para recuperar a Coroa Inglesa, ou o regicídio de Carlos I, que culminou com Oliver Cromwell a proclamar-se Lorde Protector da República Inglesa, fechando teatros, proibindo vestidos bonitos e derretendo as Jóias da Coroa para sacar umas massas, só sobrando mesmo a Colher da Coroação – que está no centro da trama deste livro; de França, depois da bicada de os seus serem referidos como gente de baixa estatura e dada à indelicadeza, mostra-se o Arco do Triunfo, a Mona Lisa e o Louvre, com desenhos dos vários acrescentos arquitectónicos que este foi tendo; e, quanto a Moscovo, hesitamos entre entrar numa loja de brinquedos e no quartel da KGB, isto enquanto assistimos aos tempos onde, na bandeira, as águias foram trocadas pelas foices e martelos.

Espionagem, cultura geral, ilustrações de espírito retro e um humor irresistível, numa história que é, também, um valoroso e bem entoado hino às calças de ganga. Muito bom.