Trata-se de uma nova edição, agora num formato mais maneirinho. “Greve” (Orfeu Negro, 2019 – reedição), com texto e ilustrações de Catarina Sobral, foi uma estreia triunfal da ilustradora portuguesa, que aqui mistura desenho, colagens, recortes e um sem número de técnicas, que emprestavam às páginas um ar bastante retro, indo bem ao encontro de um tema que faz parte das sociedades há já algum tempo: a Greve. O livro recebeu a menção especial do Prémio Nacional da Ilustração em 2012 e, no ano seguinte, foi seleccionado para o Catálogo White Ravens.
Porém, em vez de motoristas de camiões de matérias perigosas, temos uma greve decretada pelos pontos, depois de a escrita ter entrado em alvoroço e de a loucura ter retirado os pontos aos iis. O movimento cresce a olhos vistos e, a certa altura, juntam-se também à causa os pontos finais, de exclamação e de interrogação, os dois pontos, as reticências e os mais finos pontos com vírgulas.
O mundo parece estar a um passo do colapso, sucedendo-se os cancelamentos de aulas, os atrasos nos transportes e o aparente fim da geometria. Até que os sindicatos entram em acção, mas será que terão arcaboiço para levar as negociações a bom ponto? Se fosse uma série, a porta da continuação teria ficado escancarada.
Uma aula ilustrada de gramática, que inclui um olhar humorístico por várias áreas da vida humana, desde um hospital a um estúdio de televisão. O ponto comanda a vida, apetece dizer.
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