A rentrée da Penguin Random House Grupo Editorial, onde moram as chancelas Alfaguara, Companhia das Letras, Objectiva, Suma de Letras, Arena, Nuvem de Letras e Nuvem de Tinta, inclui pérolas como um novo volume de Lucia Berlin, o romance mais afamado de James Baldwin, um inédito de Bukowski em Portugal ou o romance experimental modernista de João Guimarães Rosa. Conheça alguns dos títulos que vão chegar às livrarias até final deste ano com o selo do pinguim.
Ficção
Um dos livros que marcam a rentrée é o romance experimental modernista de João Guimarães Rosa, “Grande sertão: Veredas” (Companhia das Letras; nas livrarias em Outubro). O romance, da autoria de um dos grandes nomes da literatura brasileira do século XX, é considerada uma obra essencial do modernismo no Brasil.
Publicado originalmente em 1956, Grande sertão: veredas revolucionou o cânone literário brasileiro e continua a despertar o interesse das novas gerações de leitores. Esta é a primeira edição portuguesa da obra, que respeita integralmente o texto original, sem qualquer adaptação.
Do Prémio Camões 2019, Chico Buarque, chegam-nos novas edições dos romances “Estorvo” e “Budapeste“, que se encontravam ausentes das estantes das livrarias faz muito. “Estorvo” foi o primeiro romance de Chico Buarque e venceu o Prémio Jabuti. “Budapeste”, também adaptado ao cinema, é um romance que combina profundidade e sentido de humor, e foi vencedor do Prémio Jabuti em 2003 e do Prémio Passo Zaffari Bourbon de Literatura, em 2005. (Companhia das Letras; nas livrarias em Setembro)
“O último minuto na vida de Saramago“, de Miguel Real (Companhia das Letras). Aproximam-se os 10 anos desde a morte de José Saramago. Em jeito de homenagem, Miguel Real invade a cabeça de Saramago, imaginando o que terá sido o seu último minuto de vida. Neste romance, o premiado escritor Miguel Real faz uma espécie de autobiografia de Saramago escrita por outrem, emulando o famoso e controverso estilo do Prémio Nobel de Literatura português.
Em Novembro sairá “Paz traz paz“, de Afonso Cruz (Companhia das Letras), e mais um volume da Enciclopédia da estória universal (Alfaguara).
Até ao final do ano sairá também na Companhia das Letras o novo romance de Possidónio Cachapa: “A vida sonhada das boas esposas“.
E já em Setembro, um livro inédito em Portugal de Charles Bukowski: “Notas de um velho nojento” (Alfaguara). Este volume reúne um conjunto de textos autobiográficos, publicados a partir de 1967 no jornal Open City. Apontamentos crus e honestos que deixam o leitor à beira do desespero. Retratos implacáveis da outra cara do sonho americano. Instantâneos de uma vida desregrada e desolada, que sublinham a beleza e fragilidade do que andamos aqui a fazer.
“Todas as Almas“, de Javier Marías (Alfaguara). Um romance de 1989 mas esgotado há muito nas livrarias portuguesas. Vencedor do Prémio Ciudad de Barcelona, conta a história dos dois anos nublados e únicos que o narrador passou na Universidade de Oxford, uma cidade fora do mundo e do tempo, inaugurando uma série de romances do autor que passam por aquela cidade inglesa, o último dos quais “Berta Isla”. Chega às livrarias em Outubro.
“Bem-vinda a casa – Memórias“, de Lucia Berlin (Alfaguara). Antes de morrer, Lucia Berlin estava a trabalhar num livro de textos autobiográficos a que tinha chamado “Bem-vinda a casa”. Para compor o volume inacabado, Jeff Berlin, filho da escritora, junta aos seus textos um conjunto de fotografias e cartas da sua vida preenchida, trágica e romântica. O volume constitui assim uma entrada privilegiada na vida de uma escritora fascinante, que se inspirava na própria vida – itinerante e variegada – para rechear a sua ficção.
Um dos nomes mais destacados da literatura americana do século XX, James Baldwin, regressa às livrarias com o seu mais conhecido romance, “Go tell it on the mountain“. Deste romance com laivos autobiográficos Baldwin disse que, se só pudesse ter escrito um livro na vida, teria sido este. Chega às livrarias no final do ano, pela chancela Alfaguara.
Não Ficção
“Um futuro livre e radioso“, de Paul Mason. Uma das vozes internacionais mais críticas do sistema capitalista neoliberal, dá conta dos processos de desintegração intelectual, política e económica a que assistimos um pouco por todo o Ocidente. No olho do furacão desta crise está um perigoso recuo no humanismo que devemos, a todo o custo, travar. Uma defesa apaixonada da humanidade radicada num optimismo sem limites pelo autor de Pós-capitalismo – guia para o nosso futuro. Em Setembro nas livrarias.
“Feminismo de A a Ser“, de Lúcia Vicente (Objectiva), é uma espécie de manual do utilizador feminista, para que todos conheçam a história deste movimento, as suas reivindicações, as suas personagens e momentos mais marcantes, os seus dados mais relevantes, de onde vem e para onde quer ir.
“Corrupção: Breve história de um crime que nunca existiu“, de Eduardo Dâmaso (Objectiva). O livro que faltava sobre a corrupção, e que olha a verdade de frente: Portugal tem um grave problema de corrupção. Este livro tenta responder às questões que todos os portugueses colocam: De onde nasce a corrupção? O que lhe permite alastrar-se como fogo-posto? Porque continuam impunes muitos dos seus mais vis protagonistas? E como podemos nós, cidadãos comuns, lutar para travar esta epidemia? Nas livrarias em Setembro.
O livro sensação da Feira de Londres 2019: “O Evangelho das Enguias“, de Patrick Svensson (Objectiva). De Aristóteles a Freud, a enguia tem intrigado pensadores de todas as áreas do saber. Até há pouco tempo não se sabia de onde vinham, como se reproduziam, porque morriam. Cientistas hesitavam em classificá-las como mamífero ou peixe, tão enigmática era a sua natureza. Uma viagem erudita pela história do pensamento ocidental, pela mão de um filho que recorda o pai e o amor partilhado pelas enguias.
“Sobre o politicamente correcto“, de Manuel Monteiro (Objectiva). Um dos principais protagonistas – e detractores – do eternamente polémico Acordo Ortográfico, vira a sua atenção para um outro tema linguístico que faz correr muita tinta (e ódio) nos media e nas redes sociais: o politicamente correcto e a linguagem a ele associado. Com a ponderação e humor característicos do autor para percebermos que este é um assunto muito difícil de gerar consensos.
“A fábrica das mentiras“, de Paulo Pena (Objectiva). Uma peça de investigação notável sobre a origem e o poder das notícias falsas em Portugal e no mundo. Uma leitura compulsiva e obrigatória. Paulo Pena é jornalista do DN e o primeiro a investigar fake news portuguesas. A investigação que tem em curso e que expõe neste livro é chocante e reveladora.
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