Quando se pensava que a quota de séries mangas viciantes se encontrava já excedida, eis que chega às livrarias mais uma daquelas para seguir de perto e em estado de trepidação, que ombreia com outras pérolas como Assassination Classroom, One-Punch Man ou My Hero Academia, tudo com edição pela Devir.
The Promised Neverland está algures entre uma história de vampiros, um conto de terror, um filme B de ficção científica e uma visita aos estúdios de The Truman Show, ficando o protagonismo entregue a catraios que ainda não atingiram as 12 primaveras.
Sem entrar em grandes spoilers, uma vez que vamos aqui espremer o primeiro e o segundo volume, a trama vai mais ou menos assim: Emma, Norma e Ray vivem felizes e sem grandes preocupações na Casa de Grace Field, acarinhados por uma mulher a quem desde o berço se habituaram a chamar de mãe, esperando por uma adopção que viram já bafejar outras crianças. Afinal, “a vida na casa não dura para sempre. Todos temos de ser adoptados até aos 12 anos e sair do ninho“.
Isto até ao dia em que Emma e Norman descobrem que há uma verdade arrepiante sobre a casa onde têm passado a sua existência, e que a única saída que lhes resta é uma fuga que está ao nível do que Stallone, Pelé e amigos fizeram em “Escape To Victory”.
Neste orfanato, a alvorada acontece às seis da manhã. Emma, que vive na Casa há já dez anos, é a mais velha, encarando cada uma das 38 crianças como irmãos. Tal como Ray e Norman, Emma tem obtido sempre pontuação máxima nos testes diários. E, se Norma mostra ter excelentes reflexos e uma capacidade de aprendizagem surpreendente, os seus BFF’s não se ficam atrás: Norman é visto como o génio e, quanto a Ray, é conhecido como o erudito.
Numa casa onde reina a felicidade, existem duas regras a respeitar quanto a lugares de proibidos: o “portão” que liga ao exterior e a floresta para além da “vedação”. Será no limite da quebra de uma delas que a verdade irá chegar pela boca de um tipo que está ombro a ombro com o Demogorgon do Stranger Things, e que fará com que os olhos se renovem e descubram algo que parecia não lá estar antes: uma vigilância apertada, um controlo absoluto de movimentos, a ausência quase total de privacidade. Neste cenário, a estratégia a seguir não deixa dúvidas: Observar. Analisar. Ler o oponente.
Revelar mais do que isto será estragar o prazer e o efeito surpresa dos dois primeiros volumes da série, que aqui se aconselha vivamente. Mas não causará qualquer desconforto dizer que o segundo volume oferece um twist a preceito, reservando um final que deixará os pelos dos braços eriçados.