Romance de espionagem. É desta forma que, logo na capa, nos é apresentado “Jogo de Cena” (Cepe Editora, 2019), o terceiro título da brasileira Andrea Nunes após “O código numerati” (2010) e “A corte infiltrada” (2014). Romancista, Andrea tem dado palestras sobre literatura policial em universidades da Alemanha, Dinamarca, França e Portugal, sendo também promotora de justiça de combate à corrupção em Pernambuco, e membro da Associação Brasileira de Escritores e Romance Policial, Suspense e Terror.
Já na contracapa, Raphael Montes (O Globo) aponta Andrea Nunes como uma autora “para ler e se divertir”. E, de facto, é de diversão e ligeireza que deveremos falar relativamente ao enredo de “Jogo de Cena”, livro que cruza a comicidade dos policiais de Janet Evanovich, a trama histórica de um Dan Brown e as preocupações ambientais de uma Greta Thunberg já para lá do ocaso da adolescência.
Estamos na pequena cidade de Mangueirinhas, no interior de Pernambuco, que se vê agitada pelo (aparente) suicídio do boticário francês Michel Simon, a que se seguiram violentos assassinatos envoltos em questões de superstição, misticismo, religião e lendas, que colocam os habitantes à beira da histeria de grupo. A par de tudo isto temos o mistério e o encanto da alquimia, o mito da Pedra Filosofal, organizações secretas e planos governamentais secretos que envolvem urânio.
As personagens centrais deste romance, salpicadas com tinta cor-de-rosa, são os falsos irmãos Alexandra, a delegada de Mangueirinhas, e Pedro, o seu irmão indirecto, que se tornou num dos mais reputados historiadores brasileiros e além-fronteiras. Pondo de lado a fricção com que cresceram, que afinal nada mais era que desejo reprimido, irão tentar seguir as pistas deixadas por Michel Simon que, ao que tudo indica, terá encontrado uma de duas coisas: a imortalidade do corpo ou a salvação do mundo.
Um romance que cruza a alquimia com a tecnologia, a intriga policial com temas actuais, a acção com espionagem – e que, pelo meio das manobras sentimentais, arranja tempo para dar ao leitor algumas lições de história, como a visita guiada à Catedral de Notre-Dame.
Sem Comentários