Abelhas engenheiras e colmeias estrangeiras. Bichos-de-conta que cantam aquilo que contam. Um caracol encaracolado que corre no costado de um crocodilo cansado. Nove pombos com manias de ciclistas. Um sapo que gosta de sapatos. Uma tartaruga gigante de dentes pequenos. Um vento que não voa mas faz voar. Um relógio de ponteiro único.
Os indícios poderiam apontar para tal, mas não estamos dentro de um conto dos irmãos Grimm ou de mais um delírio cinéfilo com a assinatura de Burton. O palco onde desfilam tão estranhas situações tem por nome “Travalengas” (Booksmile, 2015), um livro de «trava-línguas e lengalengas e outras coisas de rimar que sem nos travar as línguas nos querem desafiar» – como se pode comprovar no sub-título.
Com muito ritmo e boa disposição, José Dias Pires escreveu um livro ideal para crianças que tenham descoberto há pouco tempo a incrível viagem da leitura, e também para que a família se possa dedicar à leitura em voz alta.
As ilustrações de Catarina Marques assentam que nem uma luva nestes dedos contados, com muita cor, cuidado na composição e no arranjo gráfico e dotadas, como se exigia num livro feito de pequenos impossíveis, de uma boa dose de imaginação.
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