Jeffrey Archer é, de todo o planeta literário, um dos escritores mais bem-sucedidos, ultrapassando a marca de 250 milhões de exemplares vendidos em 97 países e publicados em 37 idiomas. Normalmente, neste e noutros meios, a qualidade literária não anda necessariamente de braço dado com cifrões ou estatísticas em alta mas, a julgar apenas por “Só o tempo dirá” (Bertrand Editora, 2015), temos um (raro) caso em que vendas altas e boa escrita convivem pacatamente debaixo do mesmo tecto. O livro é o primeiro de sete de uma saga baptizada, no original, de Clifton Chronicles, numa demanda literária que se estende durante um século acompanhando a vida de Harry Clifton, começando por volta de 1920.
Harry é um rapaz que foi criado pela mãe e educado pelo tio nas docas, certo de que o seu pai havia morrido como um herói na Primeira Guerra. Graças à descoberta do canto e à secreta orientação de Old Sack, um mendigo que vive num contentor e que ensinou tudo a Harry nas muitas tardes em que escapou à escola, Harry consegue uma bolsa para ingressar no colégio de St. Bede`s onde, para lá do bully Fisher – que lhe serve chineladas em doses de meia dúzia -, conhece aqueles que se virão a tornar nos seus melhores amigos: Barrington e Deakins. Mais tarde, Harry irá descobrir a terrível verdade sobre o seu pai, numa altura em que a entrada em Oxford poderá ser trocada pelo alistamento na Marinha para lutar contra Hitler.
A estrutura da novela está solidamente construída. Cada capítulo, apresentado com o nome do personagem no qual está centrado e o período temporal a que se refere, é precedido de um texto escrito na primeira pessoa, que ajuda a desvendar os segredos, as motivações e os anseios que habitam em cada uma das personagens que moram no livro. Que, diga-se, são muitas e fascinantes.
Cruzamento entre a tragédia romântica de “Os Maias” e o espírito de aventura de “Os Três Mosqueteiros” ou “A Ilha do Tesouro”, “Só o tempo dirá” apresenta-nos Jeffrey Archer como um exímio contador de histórias, um criador de personagens e lugares a que conseguimos aceder através de um portal do tempo literário. Temos saga.
1 Commentário
Comecei a ler