Conheces o Petit?, pergunta Isol ao pequeno leitor. Não aquele que ficou célebre pela invenção da expressão futebolística “entrada à Petit”, antes um “menino bom que gosta de brincar com o cão“. Mas, também, “um menino mau que gosta de puxar o cabelo das meninas“.
É nesta duplicidade e limbo de contradições que se move “Petit, o Monstro” (Orfeu Negro, 2019), um miúdo que, por muito que tente, não consegue responder à pergunta que a mãe lhe lança com alguma frequência: “Como é que um menino tão bom às vezes faz coisas tão más?“.
Apesar de querer estar sossegado, de desejar encontrar um manual de instruções para o melhor comportamento e de, muitas vezes, se sentir um monstro inclassificável, Petit irá experimentar sentimentos tão nobres como a empatia, que o ajudarão a atenuar as fronteiras entre o bom e o mau, o certo e o errado, percebendo que o pequeno monstro irá sempre acompanhá-lo – e que o importante será conseguir torná-lo num animal doméstico, mas não necessariamente de colo.
As ilustrações recorrem a sobreposições que apontam à desfocagem, ao uso de sombras, à criação de zonas iluminadas com holofotes, à criação de balões de diálogo e a uma boa conjugação do lettering com o texto. E também a cores berrantes que, ainda assim, não precisam de gritar.
Isol é ilustradora, compositora, cantora e vive em Buenos Aires. Estudou Belas-Artes e, em 1997, lançou o primeiro livro ilustrado. Desde então foi premiada pela Bienal de Ilustração de Bratislava (2003) e recebeu duas menções especiais do Prémio Hans Christian Andersen (2006 e 2007).
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