Por mais voltas que dê, J.K. Rowling parece estar destinada ao universo do fantástico. Após o lançamento dos sete volumes de Harry Potter, uma das maiores séries de fantasia escrita entre 1997 – juntamente com “O Quidditch Através dos Tempos”, “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” e “Os Contos de Beedle o Bardo”, três livros escritos com motivos solidários -, Rowling escreveu também um romance meio falhado intitulado “Morte Súbita”, para além de uma série de livros policiais escritos sob o pseudónimo de Robert Gailbraith, mas a pouca recepção fez com que atirasse o pseudónimo às urtigas para aumentar as vendas.
Originalmente escrito por J.K. Rowling para apoiar a Comic Relief, o pequeno compêndio de Hogwarts intitulado “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” inspirou uma nova série de cinco filmes produzidos pela Warner Bros., dos quais dois chegaram já ao grande ecrã: “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los”, lançado em 2016 e, no final do ano passado, “Os Crimes de Grindelwald” (Editorial Presença, 2018), com o guião escrito por Rowling e transformado em filme pelo realizador David Yates.
Tal como aconteceu com George R.R. Martin, lançou as Crónicas do Gelo e do Fogo borda fora para se render à menos exaustiva adaptação da série – o que fez com que o quinto volume fosse apenas publicado em 2011, tendo os restantes dois ficado aparentemente para o Dia de São Nunca à Tarde -, Rowling apostou também na mais económica escrita de guiões, fazendo uma ligação directa da escrita à sétima arte.
Publicado pela Editorial Presença, numa edição com uma capa belíssima e uma paginação irrepreensível, o argumento original de “Os Crimes de Grindelwald” protagoniza uma aproximação a pés juntos ao universo de Harry Potter, trazendo para a luz da ribalta o jovem Albus Dumbledore, recuperando a sua ligação com Gellert Grindelwald que, à semelhança de Lord Voldemort, se virou para o lado negro, tornando-se um poderoso feiticeiro das Trevas.
Este segundo volume arranca após a captura de Grindelwald em Nova Iorque, uma façanha que teve o dedo de Newt Scamander. Porém, cumprindo a promessa gritada aos sete ventos, Grindelwald consegue escapar e reunir um considerável número de seguidores, muitos deles desconhecedores das suas verdadeiras intenções: criar feiticeiros puro-sangue para dominar todos os seres não-mágicos.
Num esforço para travar os planos de Grindelwald, ainda que recuse envolver-se directamente no conflito, Dumbledore convoca Newt, um antigo aluno seu em Hogwarts, que tem levado a vida no espírito neutral de um suíço – mas que terá agora de escolher um lado.
Depois de um primeiro guião que, apesar de ir beber à mitologia Potteriana, parecia ter uma magia muito própria, “Os Crimes de Grindelwald” colam-se demasiado ao legado Potteriano, tanto em termos visuais como da própria história, que tem agora o ar de uma prequela menor, vazia e algo desligada, que poderia ter sido imaginada por alguém com um conhecimento razoável do mundo de Hogwarts. Veremos o que nos reservam os restantes filmes, tendo o terceiro lançamento marcado para 2020.
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