“Para quem está meio apaixonado
ter metade do coração cheio
é combustível suficiente
para atravessar o céu inteiro,
para dar a volta e regressar …”
Meio apaixonado? Como é estar “meio apaixonado”? Será que existe? Quando estamos apaixonados, sentimo-nos sempre incompletos sem a pessoa de que gostamos, toma-nos um vazio. Perdidos, numa busca constante de quem nos completa. “Meio apaixonado? Deixa-me rir. Isso é coisa que não existe”.
“Metade Metade” (Planeta Tangerina, 2019) é um livro sobre metades, simetrias, mas é essencialmente um hino ao amor. Por vezes corremos “meio mundo” em busca da “cara-metade”, tudo para nos sentimos completos como um “golo inteiro e indivisível”. A paixão só conhece “palavras inteiras que não se dizem às metades”, por isso no amor as metades não fazem sentido. Ou não será bem assim? Haverá meio amor? Ou existirá apenas “um amor sem meio-termo inteiro e grande como o meu (por ti)”?
Habituamo-nos a olhar o mundo de forma simétrica, procurando a beleza de cada uma das partes que compõe a realidade. A simetria está presente na nossa vida, por vezes em pormenores, e nem sempre pensamos nisso.
“Metade Metade” brinda-nos com um texto de Isabel Minhós Martins, marcado pela originalidade temática e discursiva: simples, ritmado e lúdico. As ilustrações de Madalena Matoso são marcadas pela originalidade e pela criatividade, contribuindo para a educação plástica do leitor. A paleta de cores centra-se no vermelho, verde, preto e branco, com ilustrações ora de página simples ora em página dupla que se articulam graciosamente com o texto, como se a narrativa visual e escrita fossem apenas uma.
Isabel Minhós Martins nasceu em Lisboa, em 1974. Estudou na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, trabalhou como criativa na área da comunicação para crianças e, mais tarde, fundou a editora Planeta Tangerina com um grupo de amigos. Gosta de escrever porque quase sempre encontra coisas inesperadas, e gosta de ler pela mesma razão: “Alguém escavou, escavou, escavou e encontrou alguma coisa que veio mostrar através das palavras“. Alguns dos seus livros foram distinguidos por prémios ou instituições ligados ao livro para a infância, como por exemplo Prémio Andersen, Banco del Libro, Sociedade Portuguesa de Autores (2015), Gustav-Heinemann Friedenspreis (2017) ou Deutscher Jugendliteraturpreis (2017).
Madalena Matoso nasceu em Lisboa, em 1974. Estudou Design de Comunicação na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e pós-graduou-se em Design de Gráfico Editorial pela Faculdade de Belas-Artes de Barcelona, sendo co-fundadora do Planeta Tangerina. Recebeu menções especiais no Prémio Nacional de Ilustração (todos editados pelo Planeta Tangerina e com textos de Isabel Minhós Martins, em 2006, 2007 e 2009 respectivamente). Em 2008 recebeu o Prémio Nacional de Ilustração pelo livro “A Charada da Bicharada”, editado pela Texto Editores, com texto de Alice Vieira.
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