À semelhança dos três anteriores volumes, “Bíblia Volume IV: Antigo Testamento – Os Livros Sapienciais – Tomo I” (Quetzal, 2018) dá a conhecer, numa tradução portuguesa por Frederico Lourenço, a Bíblia de acordo com o Antigo Testamento grego.
Deste quarto volume da Bíblia fazem parte cinco livros do Antigo Testamento, agrupados sob uma alçada a que tradicionalmente se chama “literatura sapiencial”, onde encontramos referências constantes a Salomão, que acabou por servir de pseudónimo a uma série de escritores, entre hebraicos e gregos. E onde, segundo o tradutor, descobrimos “quatro obras-primas da literatura universal”: Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Job e Sabedoria – aqui acrescidos de Eclesiástico. Para o segundo tomo, o volume V desta edição da Bíblia, ficará a apresentação dos salmos, dos Salmos de Salomão, das Odes e dos Provérbios.
Eclesiastes foi escrito como se o narrador fosse o próprio Salomão, apresentando um “discurso céptico acerca do valor da riqueza e dos bens materiais”, trazendo para a frente “o dilema da eterna insatisfação humana”. Fala-se da impossibilidade da felicidade individual mas, também, da “inexistência de uma lógica justa na interacção humana que permita a felicidade colectiva”. Um tratado depressivo sobre a condição humana que, no final, parece querer dizer que o destino de bons e maus acabará, contrariamente aos desígnios da própria religião e assumindo o espírito derrotista, por ser exactamente o mesmo.
Nas notas introdutórias ao Cântico dos Cânticos, Frederico Lourenço vai buscar as palavras de Othmar Keel, que afirma que “quem se deparasse com o Cântico dos Cânticos noutro contexto que não o da Bíblia não hesitaria em ver aqui uma colectânea de poesia erótica”. De novo assentando na improbalidade de ter sido o próprio Salomão a escrevê-lo – mesmo que a Bíblia diga que este teve aí umas “700 esposas e 300 concubinas” -, este é um texto que levanta perguntas para as quais não existem respostas, assentando na ideia da ausência de Deus e numa alegoria onde este tanto pode ser a voz masculina como o noivo, fazendo da Igreja a sua noiva.
Para introduzir Job, Frederico Lourenço vai novamente buscar uma citação alheia, desta vez do poeta oitocentista Lamartine, que o considera “o monumento mais sublime da alma humana”. Isto para Frederico o contradizer logo de seguida, dizendo que “não é, do ponto de vista formal, um objecto harmonioso; trata-se, além disso, de um texto inerentemente contraditório”. Se, em prosa, Job surge como um “sofredor paciente”, já na secção poética revela-se “inquieto e revoltado”. O mesmo se passa em relação à posição de Deus sobre as acções humanas, recorrendo ao sistema das recompensas e castigos.
Sabedoria é um texto de um autor anónimo, para Lourenço “o texto mais bem escrito do Antigo Testamento”, com a finalidade de homenagear a tradição da Escritura Judaica na sua versão grega, encontrando-se nele “inúmeros pontos de contacto com a literatura greco-latina sua contemporânea, sobretudo ao nível do ideário”.
Quanto a Eclesiático, que encerra este quarto volume, é onde encontramos pela primeira vez na Bíblia a ideia de que a culpada do erro, do pecado, é a mulher. E, também, que o mal praticado por um homem é preferível ao bem praticado por uma mulher. Só faltava mesmo, como no clube do Bolinha, uma placa a dizer Menina não entra.
2 Commentários
que palhaçada nao acabou de fazer o resto dos volumes e jalai vai quase um ano e ainda falta 4 ou cinco volumes
maria KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
a parada grandona maria, toda complicada