Costuma dizer-se que um mal nunca vem só o que, no caso desta empreitada do britânico David Walliams, poderia ser traduzido em algo como criancinhas do piorio há-as aos magotes, por isso vamos partir para mais do que um livro. Chegado à livrarias no último trimestre de 2018, “As Piores Crianças do Mundo 2” (Porto Editora, 2018) oferece mais uma amostra de crianças desatinadas e capazes de levar à loucura muito miúdo e graúdo, tendo ficado já prometido um terceiro livro que fará deste série uma trilogia do mau comportamento precoce.
São dez as crianças desatinadas que entram neste volume, espécimes apurados que qualquer pai ou mãe com juízo preferiria ter calhado em sorte a um zoológico humano: Tonecas Fomecas, que quando nasceu pesava tanto quanto um hipopótamo bebé, transformando-se aos poucos numa mescla de Chuckie – aquele boneco dos filmes de terror – e de King Kong, fazendo com que muitos se interrogassem quanto à sua parentalidade: “Como é que este homem magricela, fininho como um feijão-verde, teria ajudado a conceber um bebé tão gigantesco?”; Julieta Vedeta convenceu-se, desde tenra idade, de que estava destinada ao estrelato e, mesmo não tendo descoberto qualquer talento ao longo dos anos, decidiu ainda assim participar num daqueles concursos televisivos que apostam em encontrar a próxima voz; Pedro Esquisito recusava-se a comer qualquer fruta ou vegetal, transformando as cinco porções diárias de vitaminas num ciclo composto por batatas fritas, bolachas, chocolate, bolo e bolachas. Uma história com o ar de um Mars Attacks passado numa estação nuclear com muita vitamina C à mistura; Isabel Cruel transformou a sua vida num cenário cor-de-rosa: peluches, vestidos, bonecas em porcelana. Além disso odiava gatos, tanto que pediu um de presente para o poder atormentar à vontade; Fonseca Gazeta e os TPC`s na Gaveta apresenta-nos a um petiz que, provavelmente por ter lido vezes demais o livro “Não Fiz os Trabalhos de Casa Porque…”, tinha sempre uma boa desculpa para chegar à escola com os livros e cadernos em branco. Isto até ao dia em que deu de caras com a Professora de História, que “cheirava a livros velhos e bafientos”. E isto é só a primeira metade.
O passeio pela traquinice mais pura e muitas vezes malévola continua com outros cinco espécimes: Benta Nojenta, que adorava insectos e criaturas repugnantes e que, para além de nunca escovar o cabelo, adorava ter sujidade debaixo das unhas e cheirava sempre mal; Fialho Mimalho, o rapaz mais mimado do mundo, de uma família que ganhava dinheiro pelo simples facto de ter dinheiro. E que, diga-se, era completamente doido por chocolate; Vera, a Fera, que “sonhava com o dia em que pudesse realmente magoar as pessoas“, numa história que começa em modo Pinóquio e termina ao estilo de Monstros e Companhia; João Campeão, baixinho mas muito gabarolas, batoteiro por natureza e engenho; e Nani No, capaz de levar toda a gente à loucura com apenas uma única palavra.
Por aqui passam também a Rainha de Inglaterra e, claro, o lojista Raj, que se irá transformar num improvável herói e municiador de uma festa de arromba, tudo à boleia de doces apenas uma década fora de prazo. A receita de Walliams não varia muito mas, para quem já está habituado aos seus pratos e sobremesas, terá aqui mais uma animada degustação, servida visualmente por Tony Ross.
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