Como é bom ler um livro sem qualquer desejo moral ou aquela necessidade louca de atirar ensinamentos. Um livro que é, apenas, uma viagem sem sentido obrigatório, com muito humor, espírito de absurdo e que mostra uma imaginação muito amiga da parvoíce – e em ponto de rebuçado.
Em “Supõe…” (bruáa, 2018), com texto de Alaistar Reid, há fortunas construídas à socapa que podem salvar famílias arruinadas, fugas ao cais de atracagem para evitar medalhas e câmaras, um descontentamento tão grande como a lua que o melhor é dizer que nunca lá ninguém meteu um pé, cabelo enviado a pessoas de que não se gosta, um cão que aprende a ler ou alguém que, apesar de saber a resposta – e talvez com algum nervosismo -, arrota em vez de falar.
As ilustrações de JooHee Yoon assumem todo este absurdo e surrealismo, onde há sempre um grande rebuliço, seja no traço desviante, no uso simultâneo de linhas e quadrículas ou numa alienação colorida marcada quase sempre pelo amarelo, o verde, o laranja e o vermelho.
Um festim de humor absurdo que, terminando com um “supõe que me dava uma branca”, convida pequenos e grandes leitores a fazerem uso da cuca para criarem as suas próprias suposições e tentativas de vidência. E, claro, a abraçarem a parvoíce.
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