Como manda a tradição, o Deus Me Livro apresenta aos leitores os títulos que as editoras prepararam para o assalto às livrarias nestes primeiros meses de 2019. Seguem-se, à boleia de sinopses e press releases, as novidades cozinhadas pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
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No ano em que a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) celebra o seu 10º aniversário, serão publicados 11 Ensaios sobre temas tão diversos como a inteligência artificial, a energia em Portugal, a prevenção da doença, o crime e a insegurança ou os hábitos alimentares dos Portugueses. Na colecção Retratos, serão abordadas questões como o estado dos arquivos nacionais, o consumo de álcool ou o comentário político televisivo, entre tantas outras. A par disso, e tendo em conta que 2019 é ano de eleições europeias, a colecção Ensaios terá dois títulos especificamente nesse domínio: um, da autoria de José Tavares, sobre os fundamentos da Europa; outro, de Nuno Sampaio, sobre as eleições para o Parlamento Europeu e a escolha do presidente da Comissão Europeia.
Ensaios
“Prevenir as doenças e conservar a saúde” | Francisco George
Lançamento: 15 Janeiro
Viver com saúde e felicidade, por mais tempo e com maior qualidade de vida, é a aspiração principal de cada um de nós. Mas até que ponto deve cada cidadão ser responsabilizado pela protecção da sua saúde? Como podem as medidas de saúde pública garantir a componente preventiva de conservação da saúde, em condições de sustentabilidade e igualdade social? Estará Portugal preparado para responder de forma planeada e rápida a novos cenários de crise na saúde? Neste ensaio claro e informativo, o autor partilha uma experiência vasta de serviço público e de liderança da Direcção-Geral da Saúde. Revê e faz o ponto de situação dos principais avanços, problemas e desafios da saúde pública a nível nacional. E explica ainda o motivo por que prevenir doenças e conservar a saúde é um direito e um dever de todos e de cada um.
“A energia em Portugal” | Jorge Vasconcelos
Lançamento: 15 Janeiro
Costumamos dizer que a energia está em todo o lado — e é verdade. Mas o que sabemos de facto sobre ela e os efeitos do seu desenvolvimento e da sua transformação no ecossistema planetário? Na primeira década do século XXI, a nível mundial, o sector energético foi responsável por quase metade de um aumento de 25 % das emissões de gases de efeito de estufa. Quando toda a União Europeia depende de importações de energia, urge ponderar uma gestão mais correcta e responsável das tecnologias e dos recursos disponíveis, também a nível nacional. O presente ensaio propõe-nos um passeio pela energia, percorrendo conceitos, números e realidades de forma não convencional, guiados por um fio condutor subterrâneo, quase invisível, de temas e associações de informações dispersas. Para que, ao virarmos a última página, possamos ver a energia à luz dos desafios da actual e urgente transição energética.
“Inteligência artificial” | Arlindo Oliveira
Lançamento: 15 Janeiro
Somos a espécie animal mais inteligente que se conhece, produto de uma extraordinária evolução biológica com milhares de milhões de anos. Logo, não é de estranhar que hoje queiramos ultrapassar os nossos próprios limites, criando sistemas que reproduzam comportamentos inteligentes de forma artificial. Em que ponto estamos nesta aventura? Será que algum dia esses sistemas irão superar a inteligência dos seus criadores? Devemos temê-los? Existirão outras civilizações inteligentes na Galáxia? Este ensaio descreve, de forma acessível, o que é a inteligência artificial e a sua relação com a inteligência humana, assim como possíveis aplicações e implicações, societais e económicas. Inclui uma perspectiva histórica e uma análise da situação actual da tecnologia. Reflecte sobre as possíveis consequências do desenvolvimento da inteligência artificial e convida-nos a projectarmos a nossa inteligência no futuro.
“A Europa não é um país estrangeiro” | José Tavares
Lançamento: 2 Abril
Vivemos nela, regemo-nos por ela, distinguimo-la do resto do mundo e consideramo-la nossa e única. Mas, afinal, o que é a Europa? Um continente? Uma ideia? Uma cultura? Quem está dentro e quem fica fora dela? Porque a Europa, real ou imaginária, dá sinais de se acomodar a um certo sonambulismo, é urgente pensar a relação entre a complexidade e as raízes mais persistentes da sua identidade e o seu futuro. Isso mesmo se propõe este ensaio: fazer despertar o coração da Europa. Combinando um sentido agudo do nosso tempo com a distância da História, através de uma viagem pelos símbolos, palavras, factos e memórias imperfeitas do continente, desde o seu nome, fronteiras e geografia, história e conflito, à liberdade e prosperidade, ao imperialismo e à curiosa relação com a sua mais óbvia descendência, os Estados Unidos da América.
“Eleições na União Europeia” | Nuno Sampaio
Lançamento: 2 Abril
Sabia que nas eleições europeias de 2014 houve um crescimento eleitoral e da representação, muito significativo, de forças políticas eurocépticas, nalguns casos populistas e até xenófobas e anti- sistema? E que todas as previsões apontam para que as eleições de 2019 conduzam a um Parlamento Europeu ainda mais fragmentado? Neste cenário, será mais difícil formar maiorias que permitam entendimentos alargados, desde logo, para a eleição do presidente da Comissão Europeia, e que garantam a prevalência de um pluralismo razoável. Face à crescente esfera de poderes da União Europeia, este ensaio reflecte sobre a viabilidade de um equilíbrio entre representatividade e governabilidade no Parlamento Europeu, procurando esclarecer a natureza das eleições europeias e o papel que desempenham, quer no quadro das instituições europeias, quer no mapa político da Europa.
“Administração pública portuguesa” | António Tavares
Lançamento: 7 Maio
Imagine uma mesa com três pés: administração, funcionários e estrutura política. Para que o tampo assente na perfeição — que é como quem diz, para que um programa político seja implementado e eficaz —, há que existir equilíbrio entre esta tríade de poder. Como garanti-lo? Embora a administração pública portuguesa tenha progredido nos últimos 50 anos, persiste a ideia de que, por vezes, está demasiado distante do cidadão, e subsiste uma elevada insatisfação entre os cerca de meio milhão de funcionários públicos. Neste ensaio, abre-se a caixa negra da administração do Estado, explorando quatro grandes temas: gestão e avaliação do desempenho; vínculos, carreiras e remunerações; qualificação e formação do pessoal; liderança e direcção. Procura-se os desejáveis suportes para uma administração pública democrática, orientada para o serviço público, através do controlo dos resultados dos serviços prestados.
“Religião na sociedade portuguesa” | Alfredo Teixeira
Lançamento: 7 Maio
Como se caracterizam as identidades religiosas em Portugal? O que persistiu e o que mudou com as alterações das formas tradicionais de vivência crente e a emergência de novas paisagens religiosas? Apesar de 80% da população se auto-representar como católica, a sociedade portuguesa caminha, num ritmo próprio, para uma maior diversidade religiosa. Paradoxalmente, Fátima foi determinante para a transformação das religiosidades tradicionais. O presente ensaio não propõe um atlas de grupos religiosos em Portugal. Convida, antes, à compreensão das actuais formas de crer e pertencer, a partir de três eixos de observação: destradicionalização, individualização, diversificação. Trata-se do retrato de uma mudança — da religiosidade do “Deus da nossa terra” às formas religiosas de um mundo globalizado.
“Pode Portugal ter uma estratégia?” | Bruno Cardoso Reis
Lançamento: 7 Maio
Vivemos num mundo perigoso. A globalização trouxe consigo uma multiplicação de oportunidades, mas também mais ameaças e riscos, do terrorismo transnacional às pandemias, para não falar no contágio das crises económicas. Portugal é um Estado com um território e uma população relativamente reduzidos, e com recursos naturais escassos. O país depende muitíssimo, há séculos, das suas relações com o exterior. Será que isso impede, ou antes obriga, a definir uma estratégia própria? Pode uma pequena potência como Portugal ter uma grande estratégia nacional? Terá a crise aguda vivida em Portugal, depois de 2011, resultado de uma ausência de estratégia? Ou Portugal tem já elementos de uma grande estratégia, mas precisa de melhorar as condições de eficácia na sua implementação?
“Criminalidade e segurança em Portugal” | Manuela Ivone Cunha
Lançamento: 17 Setembro
Se são reais, nos efeitos que produzem, nas preocupações que suscitam e nas intervenções que desencadeiam, o crime, a criminalidade e a segurança são fenómenos de contornos fugidios, de definição complexa e variável. São também difíceis de medir e interpretar, razão por que é tão necessário perceber o que nos dizem diferentes números quanto estar ciente daquilo que lhes escapa — e porquê. Perscrutar a natureza da criminalidade exige ainda considerar as diferentes maneiras de a entender e gerir. Este livro procura fornecer algumas coordenadas de leitura dos fenómenos da criminalidade e das percepções de segurança, bem como das suas evoluções mais relevantes.
“Habitação apoiada em Portugal” | Ricardo Costa Agarez
Lançamento: 17 Setembro
Em 2018 cumpriram-se 100 anos do lançamento dos primeiros programas de apoio público à habitação em Portugal. Detendo-se sobre uma sequência de episódios marcantes que pontuaram a intervenção dos poderes públicos na mitigação das carências do país — habitacionais e não só — desde 1918, este ensaio reflecte não apenas sobre a história da presença da habitação apoiada na produção arquitectónica e urbanística portuguesas, mas também sobre a genealogia de modelos, ideologias e matrizes civilizacionais ensaiadas por sucessivos regimes e governos em resposta àquele requisito essencial do equilíbrio social contemporâneo. Quer-se evidenciar o impacto de 100 anos de promoção pública de habitação no tecido edificado português, tornando clara a importância desta acção para a qualidade do ambiente construído nacional, em cidades, vilas e aldeias portuguesas do país. O foco no papel do Estado e de outros agentes de relevo sustenta, por outro lado, a análise das principais linhas de força da sua acção, os grandes ciclos de política, filosofia de intervenção e organização administrativa seguidos, e da posição relativa (variável) assumida pela questão habitacional no governo de Portugal, ao longo desse período.
“Hábitos alimentares dos portugueses” | Monica Truninger
Lançamento: 17 Setembro
Os hábitos alimentares dos Portugueses têm mudado ao longo dos anos. Se no passado a dieta mediterrânica caracterizava a alimentação de uma grande parte das pessoas no nosso país, hoje em dia, influenciadas por processos de globalização e confluência dos sistemas alimentares para produtos altamente processados, com elevado valor proteico de origem animal, com excesso de açúcar e sal, os Portugueses estão cada vez mais afastados daquela dieta. Este problema levanta consequências para a saúde — e para o planeta. Este ensaio faz o ponto de situação do problema e aponta alguns caminhos para o resolver.
Retratos
“Cientistas portugueses” |David Marçal
Lançamento: 18 Fevereiro
Em Portugal, a ciência cresceu de forma rápida e inédita nas últimas décadas. Temos hoje mais investigadores científicos do que nunca (e cerca de metade são mulheres), cujo trabalho tem muito mais impacto do que antes. Mas o seu estatuto profissional diminuiu. Só uma ínfima minoria dos doutorados consegue entrar para os quadros de uma universidade. Para os outros, a vida é semelhante à de um futebolista: têm de estar no clube certo em cada momento, poucos atingem um elevado grau de reconhecimento e a carreira pode estar acabada antes dos quarenta anos. Este livro traça um retrato vívido de quem faz investigação científica por cá. O que os motiva a ficar no país ou a partir? Como conjugam a paixão pela ciência com a vida pessoal? Eis do que falamos quando falamos de cientistas portugueses.
“O efeito Marcelo, o comentário político na televisão” |Rita Figueiras
Lançamento: 18 Fevereiro
Uma vez trouxe um leitão para o estúdio. Noutra, foi uma torta gigante e o respectivo pasteleiro. Com um discurso pedagógico e simples e dotes de entertainer, Marcelo Rebelo de Sousa democratizou o acesso à opinião esclarecida e massificou um produto de nicho. Durante 15 anos, a sua aparição dominical tornou-se a medida-padrão do comentário televisivo. Ainda hoje, nenhum comentador escapa à comparação, nenhum meio de comunicação ou político ignora a força do formato. Mas quem são os sucessores do «Professor»? Como encaram a sua função e que temas privilegiam? Por que motivo tão poucos são mulheres? Que espaços têm à disposição? Qual a sua distribuição partidária? Este livro analisa a evolução do comentário político na televisão portuguesa. Que é, como quem diz, o «efeito Marcelo».
“Arquive-se, uma viagem pelos arquivos nacionais” | Rita Carvalho
Lançamento: 18 Fevereiro
Arquive-se! A ordem parece simples e é seguramente muito comum. Na prática, são a organização e o acesso dos documentos arquivados — os «laboratórios da História» — que determinam o seu papel na compreensão do nosso passado. Portugal progrediu significativamente no domínio dos arquivos, mas investigadores e arquivistas concordam que muito está ainda por fazer. Sabia, por exemplo, que um tratamento adequado da documentação arquivada pela administração pública, preservando apenas a que tem valor probatório ou histórico, resultaria numa poupança de cinco milhões de euros só em instalações? Numa abordagem crítica, parte-se da análise de casos e circunstâncias, do testemunho próprio e de colegas historiadores e arquivistas, para radiografar a gestão do património arquivístico nacional. Nem tudo está bem, e explica-se porquê.
“Quinas e castelos – sinais de Portugal” | Miguel Metelo de Seixas
Lançamento: 21 Maio
Os cidadãos portugueses decerto conhecem os símbolos visuais identificativos do seu país: a bandeira verde e vermelha carregada, na partição das duas cores, com o escudo das quinas e dos castelos sobreposto a uma esfera armilar. Quantos, porém, sabem explicá-los e traçar-lhes a história? Como se chegou até aqui? Como, desde os longínquos tempos medievais, se formaram os sinais visuais identificativos da comunidade política portuguesa, ainda hoje perpetuados? E, sobretudo, como foram esses sinais compreendidos, apropriados e difundidos pelos agentes do poder político ou pelos seus observadores, utentes, destinatários ou glosadores? Este livro pesquisa como se foi construindo, desde a origem até aos nossos dias, uma diversidade de sinais de natureza visual que serviram para identificar a comunidade política portuguesa. À procura da sua função e do seu peso na memória colectiva nacional.
“O macaco bêbado foi à ópera: cerveja e civilização “ | Afonso Cruz
Lançamento: 21 Maio
Uma visão sobre a importância do álcool para o dealbar da humanidade e, mais tarde na História, sobre o papel fundamental da cerveja para o aparecimento da civilização e a disseminação de um modo de vida baseado no acúmulo e obtenção de reservas energéticas. Este é o percurso do macaco bêbedo, que desce das árvores para obter mais calorias dos frutos caídos, em fase de fermentação, e que, graças a isso, acabará por construir cidades, sobrepovoar o planeta e ir à ópera.
“Vila Medieval” I Marta Prista
Lançamento: 21 Maio
E eis que a vila medieval dá forma a um imaginário de rainhas e castelos, torna reais as capas de livros de estórias lidos em criança, confirma as ilustrações dos manuais da escola, lembra as lições do Salazar… Ou não. Espalhadas pelo território nacional, descuradas ou transformadas em programa de entretenimento ao ar livre, entre guizos e cascos de cavalos que puxam charretes de turistas ou carros comuns e de feno, em epicentros de especulação imobiliária, abandonadas ou só deixadas estar, as vilas portuguesas da Idade Média convocam imaginários e materialidades, memória e esquecimento, encontros e perdas. Este é o retrato de uma vila medieval que os discursos e as experiências de quem a habita e a visita, de quem a regula ou a regista, construíram como património. Conta uma história entretecida a várias vozes, mas a que escapam sempre outras, do passado ou ainda por vir.
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