O escritor britânico Robert Bryndza começou por ser actor. Conta que um dos seus primeiros trabalhos foi nas Masmorras de Londres, uma espécie de “Casa do Terror”. Coberto de sangue e feridas falsas, passava o dia a assustar os turistas – “Os japoneses ficavam aterrados de uma forma particularmente espectacular”, diz.
Farto da vida de actor, sempre à espera que o telefone tocasse, resolveu virar-se para a escrita. Começou pelas comédias românticas, mas só conheceu o retumbante sucesso com o seu primeiro policial, “A Rapariga no Gelo”. Com milhões de exemplares vendidos por todo o mundo, o livro criou um filão que parece ter ainda muito para dar: “Segredos Mortais” (Alma dos Livros, 2018) é já o sexto e mais recente volume protagonizado pela loiraça e intrépida detective Erika Foster.
É um sinistro thriller policial, que começa com o bárbaro assassinato de uma bailarina erótica, esfaqueada na véspera de Natal por um vulto de casaco preto e rosto tapado com uma máscara de gás.
As voltas e reviravoltas no caso são muitas, e o livro está estruturado de forma a ser quase impossível saber quem é o assassino – quando parece que identificámos um culpado, Bryndza saca um truque da manga para nos deixar à nora. É um livro bem escrito, com personagens complexas e realistas, a mais complexa das quais é a própria Erika, que carrega muita bagagem dos trágicos acontecimentos dos livros anteriores.
Marissa Lewis, a malfadada vítima do crime, era uma jovem com poucos escrúpulos e muitos segredos, que vão sendo desvendados à medida que Erika e a sua equipa avançam na investigação. O ritmo da acção é elevado e o suspense bem construído, com inúmeras cenas arrepiantes. Visual e cinemático, cai por vezes em alguns clichés, mas consegue dar-lhes a volta de forma original – e as páginas vão passando velozmente, de twist retorcido em twist retorcido, até ao inesperado desfecho.
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