Continua a bom ritmo e com muito estilo a publicação da colecção Kid Lucky, que recria a infância do cowboy mais rápido que a própria sombra. Em “Siga a Flecha” (Asa, 2018), porém, as honras de abertura cabem a Lucky Luke, que aqui ajuda uma criança a secar as lágrimas, contando uma história pessoal que fala da família como algo mais do que pura genética ou seguindo um esquema tradicional.
À semelhança dos volumes anteriores, cada uma das tiras cómicas, reunidas em histórias de uma página, remata com uma nota de rodapé intitulada “Curioso?”, onde se apresenta um olhar enciclopédico e muito divertido sobre o Velho Oeste, ficando-se a saber mais sobre carretos de pesa, o fabrico de tinta, a bola de ferro usada pelos presos, a moda dos fatos de marinheiro, as longas penas de prisão – como a de um carteiro condenado a 384912 anos de prisão por se ter baldado a entregar 42768 cartas -, ou o primeiro e muito bizarro rebuçado americano – um olho de creme de queijo, canela e coco, que tinha um pinhão a servir de pupila.
Quanto à criancice de Lucky Lucke, recriam-se aqui as suas aventuras – e sobretudo desventuras – amorosas, conhece-se de perto a implacável Tia Marta, afirma-se o respeito pelos Índios, ouvem-se os muito úteis conselhos dados pelo mestre Sam – quase sempre de cigarro na boca – e percebe-se, também, que o mau aproveitamento escolar de Kid Lucky não o impediu de se tornar no cowboy mais cool do Velho Oeste.
As histórias e o imaginário de Morris estão mais do que bem entregues a Achdé – pseudónimo de Hervé Darmenton -, que desde 2003 tem desenhado as histórias de Lucky Luke – e, também, da sua versão mini.
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