Marco Polo (1254-1324) foi um importante explorador da Idade Média, um viajante numa busca incessante pela descoberta. Nasceu na cidade italiana de Veneza, no ano de 1254. O seu livro, conhecido vulgarmente como “Il Milione”, foi bastante lido e divulgado na época, descrevendo as incomensuráveis riquezas, belezas e os aspectos culturais dos povos asiáticos daquela era de um modo apelativo e objectivo.
Até hoje é considerado um dos grandes exploradores e aventureiros da História Mundial, e o seu relato de viagens, alegadamente ditado a Rusticiano de Pisa (autor de romances de cavalaria com alguma notoriedade à época), seu companheiro de cela quando ambos eram prisioneiros da guerra contra Génova, é absolutamente admirável.
“Viagens” (Clube do Autor, 2018) é uma edição prefaciada por Gonçalo Cadilhe, que nos guia também no início de cada capítulo dos quatro livros em que a obra está dividida.
No livro são descritos, com verdadeiro pormenor e nitidez de contornos, os locais distantes e inusuais, as verdadeiras “maravilhas do mundo”, depois de vinte e quatro anos passados por Marco Polo na Ásia. Quando regressa a Itália é um homem diferente, que aprendeu a ver um mundo novo e diverso, sem preconceitos, muito ciente do que reteve para si e para os outros com a excecionalidade da viagem e da experiência vivida.
”(…) estou em crer que foi desejo de Deus o nosso regresso, a fim de poderem saber as coisas que existem no mundo, que, segundo dissemos no titulo primeiro do livro, nunca houve homem, cristão, sarraceno, tártaro, ou pagão que tivesse corrido tanto mundo quanto o senhor Marco, filho do senhor Nicolau Polo, nobre e grande cidadão da cidade de Veneza.”
Aos vindouros, como nós, Marco Polo lega uma autêntica mensagem de liberdade e tolerância, eivada de pragmatismo, alegria e otimismo, mensagem que se mantém como uma lanterna orientadora para a fraternidade e aceitação entre povos, sete séculos depois. Para além, claro, do facto de, por centenas de anos, ter sido esta a mais verdadeira imagem do Oriente percepcionada pelo ser humano ocidental.
Foi através de Marco Polo que o Ocidente ficou a conhecer, entre outros, os palácios sumptuosos dos déspotas asiáticos, os rios e as cidades do Catai (China), os usos e costumes, festas, caçadas monumentais e ritos de Arménios, Birmaneses, Indianos, Iranianos, Persas, Tártaros ou Turcos, as plantas e as espécies raras, os animais fabulosos.
Um livro admirável, obra–prima do fim do século XIII – actualmente recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura -, a mais espantosa viagem até então efectuada e que rompe os limites de espaço e tempo.
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