Quem não gosta de um bom final? Ou, então, de um fim “demasiado lamechas”? A verdade é que há muitos finais: uns agradam outros não. Esta é a razão para se querer ser um “reparador de finais, isto é, alguém que conserta os finais das histórias”, como é esclarecido no lançamento de “Fim? Isto não acaba assim” (Planeta Tangerina, 2018).
Estamos perante um livro cuja linguagem é a da liberdade. Somos livres de escolher o fim da história, para depois ser reparada. Somos livres de ler ou não. Somos livres de ficar presos à ilustração, vagueando entre páginas duplas, simples ou quadradinhos, alusivos à banda desenhada. Somos livres de saltar de página em página, de descobrir o fim que se deseja e de tomar consciência de que, afinal, “quando eu crescer vou ser um inventor de histórias”, porque é “incrível como a nossa imaginação não tem limites”.
Tudo começa nas guardas do livro. A intencionalidade da presença das ferramentas e dos ratinhos marca o encontro com os personagens, convidando ao início da leitura. A ilustração induz-nos à estética do mundo desenho infantil, onde o desenho pode ocupar diferentes tamanhos, cores e disposição.
Frases curtas ampliam e aprofundam a ilustração, sempre em plena articulação com o texto. Apesar de haver um fio condutor da narrativa, várias são as pistas para novas leituras, pois “as histórias nunca acabam”. Ao virar de cada página, o leitor é envolvido numa sedução para entrar nos jogos da imaginação, na paródia, porque afinal não se quer que o fim arruíne a história, “porque isso me parece muito injusto”. Uma obra invulgar este “Fim? Isto não acaba assim”.
Noemi Vola formou-se na Academia de Belas artes de Bolonha. É fundadora de Bianca, uma revista para crianças que gostam de histórias ilustradas. Este livro foi o vencedor da 2ª edição do Prémio SERPA /Planeta Tangerina, sendo recomendado pelo Plano Nacional de Leitura 2017.
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