Tomás era um miúdo muito acelerado que, em vez de jogar consola, ver televisão ou brincar com legos ou figuras de acção, gostava de se esconder e de disfarçar sempre que recebia visitas – e, talvez por isso, era conhecido como “Tomás o traquinas” (Kalandraka, 2018).
Fosse a amiga da mãe que vivia em França, a tia Roberta que vinha devolver um livro ou o seu amigo Zé que chegava em busca de um lanche, todos eles sofriam um susto de todo o tamanho, abrindo a boca de espanto ou para um grito, ficando com os cabelos eriçados, subindo para cima das mesas ou perdendo momentaneamente a fala.
Isto porque, no que toca à arte do disfarce, Tomás é um verdadeiro McGyver: cobertor, adesivo, plásticos, echarpes velhas, mangueiras ou até mesmo um par de bananas, tudo serve para criar a melhor camuflagem.
O livro vive de rimas, repetições e fórmulas acumulativas, tudo servido com muito humor, partidas, surpresas, travessuras e, claro, disfarces, que deixariam envergonhados os melhores espiões e agentes secretos.
As ilustrações têm todo o ar de um parque de diversões, combinando a técnica da colagem de objectos e a utilização de texturas com a aguarela e os lápis de cor e de cera. Tudo para revelar personagens que, apesar de terem um certo ar grotesco, aparecem reveladas através de traços finos, dinâmicos e humanos.
Quanto à moral que atravessa estas páginas, apesar de acusar alguma severidade, não deixará de fazer com que Tomás refreie a sua vontade de pregar partidas – ainda que, por aqui, apostemos que um traquinas será sempre um traquinas.
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