O mundo dos comics está definitivamente a mudar, e quem melhor do que Thor, o Deus do Trovão, para ilustrar este estado de revolução servido às tiras? O quinto Especial Marvel, intitulado “Thor: A Deusa do Trovão” (Goody, 2018), parte de acontecimentos que começaram a ser apresentados em “Thor: Os Últimos Dias de Midgard”, livro editado em Portugal pela G. Floy, e que serão explorados na Série II da Colecção Marvel Especial, num volume intitulado “Thor: Indigno”.
Após um exílio auto-imposto, Odin, conhecido por amigos e inimigos como o Pai-de-Todos, regressou ao seu antigo reino, agora denominado Asgardia. Freyja, a esposa que na sua ausência tinha estado a fazer o papel de rainha, não pretende porém que as coisas voltem ao antigamente.
A maior mudança, porém, tem a ver com o seu filho Thor, que carrega nos braços a alcunha de Deus do Trovão, e que deixou de ser digno de empunhar o poderoso Mjolnir, o martelo encantado que tantas alegrias lhe trouxe. Numa recente batalha na Lua, o super-espião Nick Fury sussurrou algo que levou Thor a deixar cair o martelo na superfície lunar, onde permanece desde então. Nem mesmo Odin o consegue fazer, o que deixa Asgardia num estado de aparente fraqueza, prevendo-se que seja apenas uma questão de tempo até que os seus inimigos se organizem para um ataque.
Conhecidos por “congelar estrelas e reduzir exércitos completos a poças de sangue“, os Gigantes de Gelo invadem Midgard, procurando um crânio gigante que, desconhecem, foi descoberto pela equipa de Dario Agger, o CEO da Roxxon e também o psicopata mais rico do planeta Terra. Trata-se do crânio perdido do rei Laufey, o maior de todos os Gigantes, que antes de morrer deixou o seu filho Loki ao mundo – Loki que é conhecido com o rei das mentiras, dizendo-se que só um tolo confiará nele.
Neste volume em que se trava em paralelo uma guerra dos sexos, onde os homens não lidam muito bem com o facto de o poder estar nas mãos de mulheres, a ascensão do Thor joga-se um pouco à moda de Excalibur, e a surpresa surge quando este é levantado por uma misteriosa mulher, que ninguém consegue identificar, mas que poderá ser a única esperança na luta contra os Gigantes do Gelo. Quanto ao antigo Thor tem agora uma prótese no braço, forjada em uru negro, nos mesmos fornos onde nasceu Mjolnir.
Por aqui passa também, a certa altura, o Homem-Aranha, que logo à primeira fala vence o combate do super-herói com mais piada: “Ela já tem um nome de super-herói? Por favor digam que é Mulher-Trovão. Ou Thorita. Ou Lady Calças de Martelo”.
Odin, esse, parece estar qual rei Lear possuído pela loucura, nomeando Cul Borsom, conhecido como o Deus do Medo – e segundo Thor “um carniceiro e um louco” -, como Inquisidor Real e Ministro da Justiça. Feitas as contas e apesar de uma mudança radical ao nível de uma cirurgia plástica, o universo de Thor parece estar em muito boas mãos.
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