Com argumento de Mark Millar, responsável pelo recomendadíssimo “Kick-Ass, e ilustrações de Stuart Immonsen, de quem conhecemos o trabalho em alguns volumes de Star Wars, “Imperatriz Volume Um” (G. Floy, 2018) é um dos grandes comics que chegaram às livrarias nacionais neste primeiro trimestre de 2018, deixando a ideia de que poderemos estar perante uma série ao nível da “Saga” de Brian K. Vaughan.
Tudo se passa há cerca de 65 milhões de anos, quando na terra se instalaram os seus primeiros governantes. No poder está o Rei Morax, que poderia ser irmão gémeo de Hellboy, responsável pela instalação de um reino de terror do qual fazem parte as lutas de arena, antecipando em muitos milhões de anos aquilo que viriam a ser as batalhas dos gladiadores.
Emporia, a Rainha Imperatriz, não parece partilhar da alegria pelo regime vigente, deixando escapar uma confidência antes de avançar para uma fuga: “Não posso ver os meus filhos a crescer no meio desta loucura. O homem é um lunático. Nem sei como é que durei este tempo todo“.
A ajudá-la nesta revolução familiar e política estará o Capitão Havelock, Dane para os amigos, que tem por missão real protegê-la, não podendo por decreto estar a mais de seis metros dela. Uma fuga espectacular que nos levará, depois, até 17 anos atrás na linha temporal, quando Emporia, então uma empregada de bar, é convidada – um pouco à força – por Morax para se tornar a sua rainha, impondo-lhe apenas uma exigência: “Nunca fales da vida que levaste antes de me conheceres“.
Começa então uma caçada universal, onde encontramos uma nave parente da Millennium Falcon, e um tipo conhecido como chefe Bozz que tem um palácio que é uma verdadeira fortaleza. Pelo caminho há também uma reserva de conservação real, lugar onde Morax mantém cativos os animais em vias de extinção.
Os desertores contam com a ajuda de uma estranha nave, “um daqueles antigos dróides teletransportadores da Guerra de um Dia“, mas que acaba por revelar-se uma verdadeira lotaria, onde a cada viagem o nível de perigo e de incerteza vai subindo um patamar. Além disso, para se poder teletransportar a nave precisa de total clareza, o que significa que poeira não entra. Não esquecer também a força de segurança conhecida pelos Neerol, que faz lembrar o universo da Guerra dos Tronos.
Aine, a filha da Rainha, juntou-se contrariada à fuga, tendo preferido ficar para trás com o pai, o que faz dela o elo mais fraco desta deserção que tem todo o ar de suicídio colectivo, uma vez que Morax não irá deixar passar esta traição que partiu de quem estava directamente a seu lado, e que conseguir levar com ela a sua família: “Pegarei fogo às estrelas se for preciso para recuperar os meus filhos“. Mas quem tem do seu lado um tipo como Dane, um autêntico Indiana Jones do espaço ainda mais gingão que Han Solo, pode acreditar até mesmo no impossível. E o que dizer de Emporia, para quem está guardada a melhor cena de todo o livro, que termina de forma a deixar o leitor a salivar por mais?
Com muita acção e um universo fantástico desenhado a rigor, “Imperatriz” é uma space opera que, a manter esta qualidade, se irá tornar facilmente num clássico. Só podemos esperar que o Volume Dois chegue à velocidade da luz.
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