Se quiséssemos pegar na velha máxima e aplicá-la a “Histórias em Verso para Meninos Perversos” (Oficina do Livro, 2018), seria qualquer coisa como “uma ilustração vale mais do que mil palavras“. Na capa, puro deleite, vemos o lobo mau do nosso imaginário, de olhos raiados de um vermelho alucinado, folheando as páginas de um livro que vai lendo a duas crianças de ar assustado. Isto numa sala onde estão penduradas várias fotos, uma delas de uma Capuchinho Vermelho passeando tranquilamente pela floresta.
Sejam bem-vindos ao sempre delirante mundo de Roald Dahl, que recria, para lá do Capuchinho Vermelho, cinco outros clássicos da literatura infantil: A Gata Borralheira, João e o Feijoeiro Mágico, Branca de Neve e os Sete Anões, A Menina de Tranças de Ouro e os Três Ursos e Os Três Porquinhos.
Em “A Gata Borralheira”, logo na primeira quadra, confirmamos esta recriação cómica e em verso das histórias que muitos pais, mães e muito boa gente contaram às cabeceiras:
“Pensam vocês que sabem esta história?
Mas a que têm na vossa memória
É só uma versão falsificada,
Rosada, tonta e açucarada
Feita para as crianças inocentes
Não terem medo, ficarem contentes.”
Há cabeças cortadas, muitos tiros ou uma donzela pouco confiável – pelo menos para os animais – que, para além de casacões de pele de lobo, viaja com uma malinha de mão feita de pele de porco. Tudo de braço dado com as ilustrações de Quentin Blake, que ilustram de forma quase siamesa o mundo fantástico de Roald Dahl. Os meninos perversos vão dar pulos de alegria com isto.
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