Não foi apenas a mudança da Tinta da China para o grupo Penguin Random House que marcou os últimos meses da vida de Alexandra Lucas Coelho. Depois de diversos romances e de livros que misturaram reportagem, crónica e viagem, e escritora portuguesa aventura-se agora no universo infantil, com uma colecção dedicada a um menino de caipirinha chamado Orlando.
“Orlando e o Riniceronte” (Alfaguara, 2017) é o primeiro volume da colecção, e apresenta-nos a este menino de oito anos com uma extrema dificuldade em dizer os éles, que joga à bola como um CR7 mas foge das folhas de papel e lápis de pintar que nem gente grande – tal não é o medo de desenhar.
A aventura começa quando Orlando, cujos pais estão separados, recebe uma carta do pai que chega da longínqua Rússia, e que tem desenhada uma máquina que mais parece um rinoceronte – ou, se quiserem, um rinoceronte-máquina. Orlando decide então ligar ao tio Tristão, que “agora é tão velho que tem medo de ficar careca“, um antropólogo que sabe tudo sobre rinocerontes e que lhe diz que aquele rinoceronte lhe recorda um outro. Um que há muito tempo veio da Índia para Portugal, quando a Índia era “um grande pedaço de terra com vários reinos“, e onde o sultão de um desses reinos se chamava Muzaffar Shah Segundo.
Há também estrelas que brilham semelhantes a máquinas de tempo, uma vizinha de sete anos que Orlando vê como uma stalker – coisas da criancice -, diálogos sobre futebol e bonés, conversas no skype, delírios infantis com muita filosofia e a promessa de uma viagem à Guiné-Bissau, onde toda a gente tem o cabelo igual ao Orlando.
As ilustrações de Alexandra Lucas Coelho, a que se juntam uma ou outra gravura ou pintura, dão ritmo a um livro onde se viaja muito, sobretudo com a imaginação. As últimas páginas são compostas por um Caderno Para Desenhar Gandas, onde cada um poderá desenhar os seus próprios rinocerontes. O segundo volume da coleccão tem edição prevista para a recta final do segundo semestre deste ano.
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