Urge recorrer ao léxico popular e aplicar, a “Alias” (G. Floy, 2017), o clássico intemporal “fechar com chave de ouro“. Neste caso, falamos do quarto e último volume da série Jessica Jones, escrita por Brian Michael Bendis e desenhada por Michael Gaydos – reúne os comics #22-28 -, que oferece um verdadeiro recital dedicado a esta detective privada implacável, recuando na linha temporal para mostrar como conseguiu ela os poderes que, aparentemente, decidiu arrumar na prateleira.
Regressamos assim aos tempos do liceu, onde Peter Parker, para uns “um marrão que não distingue uma valsa de um chá-chá-chá“, era para Jessica motivo suficiente para desenhar uns coraçõezinhos nos cadernos da escola. Será durante essa adolescência pouco confiante que Jessica e toda a sua família se envolvem num acidente rodoviário, chocando contra um camião do exército americano que tem colado um autocolante que mete respeito: materiais experimentais perigosos. Jessica, a única sobrevivente, regressa do coma no momento em que se dá uma falha eléctrica, começando pouco depois a travessia de encontrar uma família de acolhimento.
Enquanto isso, descobre que adquiriu a capacidade de voar – mais um levitar destrambelhado -, mas a entrada em cena de Killgrave, que ficará conhecido nas enciclopédias dedicadas à vilanagem como o Homem-Púrpura, irá fazer com que Jessica ataque a sede dos Vingadores, acabando por rejeitar a missão de super-heroína e o uso de uma indumentária para se dedicar antes à vida de investigadora privada, sob o nome de Alias Investigações.
Segundo os rumores, Killgrave fazia espionagem para outro país e, ao tentar roubar um gás experimental, acabou por ficar com a pele tingida, ao mesmo tempo que ganhou o poder de dominar a vontade das outras pessoas, espalhando o caos e a morte à sua volta. Uma das suas vítimas foi exactamente Jessica, que durante meses esteve sob a influência de Killgrave, que nunca a tocou mas a obrigava a assistir enquanto tinha sexo com outras mulheres, sujeitando-a também a uma violência verbal de todo o tamanho. Até que inesperadamente se cansou e deixou que Jessica fosse à sua vida.
No tempo presente, Jessica é abordada por um grupo de, supostamente, familiares e amigos de vítimas de Killgrave, que se recusa a dar como culpado. Killgrave está na ala de segurança máxima de uma prisão inviolável, mas pouco depois da infrutífera visita de Jessica acaba por conseguir escapar, sabendo esta que não demorará muito tempo até que Killgrave lhe venha bater à porta.
No posfácio, Bendis revela que as aventuras de Jessica Jones irão continuar em The Pulse, um novo comic com o selo Marvel que surge associado ao Clarim Diário e a uma secção do jornal que lida com tudo o que tenha a ver com a comunidade super-humana. Jessica, essa, está grávida de Luke Cage e irá trabalhar à experiência no Clarim, mas Bendis, apesar de confirmar que estaremos perante uma série onde refreou a linguagem grosseira, recusa qualquer fofura: “Os leitores sabem que consigo ser bastante adulto e grosseiro sem ter de recorrer a palavrões“. Agora a boa notícia: para finais de Maio, a G. Floy irá editar The Pulse num único volume de cerca de 360 páginas, estando também prevista a publicação da série AKA Jessica Jones.
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