Normalmente, os contos tradicionais que metem princesas e carochinhas acabam quase sempre da mesma forma: casaram-se e viveram felizes para sempre. A realidade, porém, é muito diferente da ficção, como se poderá ler em “Princesas de Portugal, Rainhas da Europa” (Imprensa Nacional e Museu Casa da Moeda, 2017), um livro que conta a história de quatro princesas de diferentes épocas que se casaram com reis de outros países europeus e foram, quanto muito, tepidamente felizes – umas mais que outras.
Eram tempos em que as princesas eram olhadas como instrumentos políticos ou moedas de troca, sina a que não escaparam estas quatro princesas portuguesas: Leonor de Portugal, nascida em Torres Vedras, que casou com um imperador alemão; Isabel de Portugal, uma lisboeta que se tornou mulher do soberano mais poderoso do mundo; Catarina de Bragança, uma alentejana que foi rainha de Inglaterra – e muito infeliz entre os seus súbditos; e Maria Bárbara de Bragança, lisboeta, fadada para ser rainha de Espanha.
Outras houve que casaram também com reis estrangeiros, mas a escolha recaiu nas que foram eleitas pela Academia Portuguesa de História para serem homenageadas pela Casa da Moeda através de emissões especiais de moedas de 5 euros, realizadas entre 2014 e 2017.
Para cada uma das princesas, descritas sucessivamente como “a imperatrizinha valente“, “a mulher mais bela do seu tempo“, “a rainha que suspirava pelos corredores” e “(história de) uma mulher gorda“, é apresentada, para além da própria história, a árvore genealógica e uma breve explicação do enredo familiar e das ligações sentimentais.
Para o final ficam as ilustrações das moedas comemorativas, a sua história (ano de lançamento, artista e descrição dos desenhos/motivos) e o significado de palavras como anglicana, enfermidades ou cortesãos.
A sobrecapa do livro desdobra-se por completo, transformando-se num poster gigante intitulado “Portugal e o Mundo”, que vai de 1337, o ano da Guerra dos Cem Anos, a 1789, ano da Revolução Francesa. As ilustrações respiram realeza e o sentimento de época, utilizando uma paleta mínima composta pelo laranja, o azul, o preto e o branco. Princesas felizes, infelizes ou assim-assim, num tempo muito diferente onde o divórcio não era opção e a Disney, essa, ainda não fazia filmes.
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