Foi há muito tempo atrás, quando os animais ainda falavam e a magia parecia crescer até mesmo debaixo das pedras, que um tigre, uma chita e um leão se encontraram na savana, cada um deles farto da sua aparência e características. Depois de horas de muita conversa e vaidade, “o Leão tinha adorado as pintas da Chita, a Chita ficou com inveja das riscas do Tigre e o Tigre afirmou que queria ser liso como o Leão“.
Aproveitando o embalo, o Tigre lembra-se de ter ouvido que um desejo pode ser pedido depois de se avistar uma estrela cadente, mas que depois deste ser formulado já não se poderia repetir a graça. Ao avistarem a primeira estrela cadente todos eles pedem para mudar. Quando o sol nasce, “o Leão estava cheio de pintas, a Chita toda riscada e o Tigre completamente lisinho“. Porém, não foi apenas o seu aspecto físico que foi alterado, uma vez que “a Cita já não era a mais rápida, o Tigre perdera a inteligência e o Leão deixara de ser o mais forte“. A desilusão era grande, até que um pequeno Peixe lhes falou de uma Árvore com mais de mil anos que tinha o poder de realizar desejos.
“Três Amigos e Um Desejo” (Oficina do Livro, 2017), com texto de Benedita de Albuquerque, oferece muitas lições de moral que enaltecem a amizade, o espírito de entre-ajuda e o amor-próprio, sempre em volta da expressão popular “tem muito cuidado com aquilo que desejas, pode tornar-se realidade“. As ilustrações de João Bacelar passeiam-se entre a fotografia e a caricatura, recriando de forma humorística esta savana extremamente indecisa sobre aquilo que quer ser.
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