Dois anos depois de “O Papiro de César”, os dois gauleses mais famosos da História estão de regresso às livrarias com “Astérix e a Transitálica” (Asa, 2017), livro onde Jean-Yves Ferri (texto) e Didier Confad (desenhos) fazem bom uso do legado deixado à Humanidade e à BD por Goscinny e Uderzo, numa história que poderia bem ter sido montada por esta dupla eterna.
As vias romanas estão cheias de buracos e tornam a circulação um exercício de quase masoquismo, aparentemente porque o senador Bifidus Activus desvia a maior parte dos fundos públicos para alimentar orgias de arromba.
Questionado – e sobretudo acordado – sobre este facto, Bifidus tira um coelho da cartola e lembra-se de inventar uma corrida de carros, aberta a todos os povos, que irá provar a excelência das vias romanas. A ideia cai que nem ginjas no goto de César, que apresenta apenas uma exigência: na corrida entre romanos, itálicos e bárbaros, a vitória terá de caber a um romano.
Entretanto e depois de uma leitura de mão que lança um “Vejo um magnífico carro alado. Levantam-te em ombros, aclamam-te, consagram-te campeão“, Obélix vê nisso a sua grande missão, nem que tenha de trocar todos os menires a que consiga deitar a mão.
A publicidade está em alta, sendo a corrida patrocinada pela Lupus, uma fabricante de garum, um condimento à base de vísceras de peixe fermentadas. Também os jornalistas estão em força, mostrando uma veia Correio da Manhã: “Os nossos leitores têm o direito de saber“.
Nesta corrida, onde se assistirá ao nascimento de Veneza, ao design (e) à moda de Milão, às maravilhas de Florença e ao aparecimento das Pizzas de Nápoles – ainda sem molho e mais parecidas com bolachas -, Astérix e Obélix irão enfrentar a dupla romana constituída por Coronavírus, conhecido como “o auriga mascarado“, e o seu fiel Bacilus. Mais um título para gravar a escopo e martelo no nosso menir preferido.
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