É, comece-se por aqui, um trio de luxo: Mark Millar, o escritor de Guerra Civil e de Kick Ass; Dave Gibbons, o lendário desenhador de Watchmen; e Matthew Vaughn, realizador e super-estrela. O objectivo desta joint venture foi um: reinventar as histórias de espionagem para o século XXI. O resultado foi surpreendente, chegando ao mundo dos comics com o nome de “Kingsman: Serviço Secreto” (G. Floy, 2017).
Jack London é um super-agente secreto britânico, obrigado como todos a apertar o cinto em tempos difíceis – estilo trocar a lagosta por linguado – e a aceitar missões tão estranhas como aquela que envolve sequestros de índole cinematográfica: seis do elenco e da equipa de Star Wars, quatro do Doctor Who, oito do Battlestar Galactica e cinco do Star Trek.
Durante a sua adolescência, Jack fugiu a uma existência condenada num bairro problemático para abraçar a carreira de agente secreto, ainda que, como fachada, apareça ligado ao aborrecido Departamento de Fraudes. Atacado por uma crise de meia-idade, sente-se em falta em relação à sua irmã, que mantém uma vida falhada ao lado de um marido violento, decidindo tomar sob sua protecção o sobrinho depois de este ter sido preso.
Jack conta a Gary que, por detrás de uma aparência e de uma vida 9 to 5 com pouco sal e ainda menos excitação, se esconde o cargo de agente especial do governo de Sua Majestade, com especialização em ameaças marinhas, sendo actualmente o mais reputado oficial de campo ainda no activo.
Dividido entre a sustentação da família e o desejo de um caminho longe da canalha, Gary acaba por aceitar a aparentemente impossível missão de se tornar num espião e cavalheiro, deixando para trás uma vida de roupas foleiras, jóias vistosas e um calão que anda sempre na ponta da língua. No seu lugar aparecerão os fatos elegantes de Savile Row e invenções tão castiças como um guarda-chuva à prova de balas e, mais cedo do que certamente esperava, desvendar a tal conspiração que visa raptar os mais famosos actores de ficção-científica de sempre, que envolve um plano para erradicar do mapa 90% da raça humana.
Tiros, explosões, perseguições, há neste “Kingsman: Serviço Secreto” tudo aquilo que se espera de um livro de espiões, temperado com o sempre bem-vindo humor britânico. A BD foi levada ao grande ecrã – com muita classe – por Matthew Vaughn em 2014, tendo o segundo filme, intitulado “Kingsman: O Círculo Dourado”, aterrado nas salas de cinema este ano. Espera-se agora que a G. Floy publique o segundo volume desta série obrigatória.
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