«Nada isto é a África, tudo isto é África», avisa Carlos Vaz Marques no prefácio ao quarto número da Granta portuguesa, referindo-se igualmente a uma imagem de infância que não se terá desvanecido com o tempo: «África foi-me servida desde a infância como um cliché. O tempo dos clichés está longe de ter terminado.»
Este número conta com inéditos de Sousa Jamba e de Lídia Jorge, bem como alguma da troca de correspondência entre José Eduardo Agualusa e Mia Couto quando ambos escreviam romances dominados por personagens africanas – Agualusa sobre a Rainha Ginga e Couto sobre o imperador Ngungunyane (ou Gungunhana).
Há ainda contos de José Tolentino Mendonça, António Cabrita ou Martin Kimani e, nos textos de autores de língua inglesa, marcam presença a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, Teju Cole ou Nadine Gordimer, esta última vencedora do Prémio Nobel da Literatura no ano de 1991.
Apesar de não haver coordenadas específicas, é em Angola e Moçambique que têm lugar a maior parte das histórias narradas, olhares que se afastam dos lugares comuns e retratam um continente fora do habitual estereótipo da raça.
Cabe ao angolano Délio Jasse, finalista do Prémio BES Photo de fotografia de 2014, assinar o ensaio fotográfico, sendo Alain Corbel o autor das ilustrações que servem quase de separadores. Quanto à foto de capa é da autoria de Ruy Duarte de Carvalho, escritor e cineasta angolano já falecido, evocado também através de uma selecção da correspondência trocada com Rute Magalhães quando, em 2009, havia encontrado refúgio em Swakopmund, uma pequena cidade costeira na Namíbia.
Em Maio, as boas notícias continuam: haverá nova Granta para ler.
Sem Comentários