Azul e preto. Serão estas duas das cores basilares do universo cromático de António Jorge Gonçalves que, depois de ilustrar o magnífico “Irmão Lobo” (Planeta Tangerina, 2013), publica agora uma pérola com o nome de “Barriga da Baleia” (Pato Lógico, 2014), um livro sobre o poder da imaginação que habita o ser humano durante a criancice e que, infelizmente, parece abandoná-lo à medida que os anos vão passando.
Com os pais a quererem passar mais algumas horas na cama antes de saírem para um dia de Verão, Sari decide ir para a praia sozinha. Nas areias ainda mornas encontra o pequeno Azur, que constrói um barco para navegar até à terra-onde-nunca-ninguém-se-aborrece. Pregado o último prego fazem-se às ondas, contentes, até que um temporal atira Sari para dentro da barriga de uma baleia colossal, onde dá de caras com bichos esfomeados que a olham como comida, um homem muito chato que conta os peixes um a um através de um dos olhos da baleia e canções entoadas com muita tristeza. De regresso à praia, Azur pensa em Sari e numa forma de a trazer de volta, sem um barco ou a ajuda de qualquer mapa.
Com ilustrações de página dupla, António Jorge Gonçalves leva-nos, nesta sua estreia como autor do texto e ilustrador, a um mundo magnífico onde a areia é deliciosa, as árvores fantasmagóricas e o fundo do mar magnífico. E que, por entre o pulsar do medo, a tentação pelo desconhecido, o desejo de aventura e a construção da amizade, nos mostra que é muito importante manter os pequenos rebentos debaixo de olho no seu percurso por este mundo fascinante. Um álbum magnífico.
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