fe·mi·cí·di·o
(latim femi[na, -ae], fêmea + -cídio)
substantivo masculino
Assassínio de mulher ou de jovem do sexo feminino. = FEMINICÍDIO
(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)
Em 1966, Truman Capote escrevia “A Sangue Frio”, por si descrito como um romance de não-ficção, actuando como pioneiro do jornalismo literário – quanto à qualidade da prosa, as opiniões dividem-se.
Nascida em Entre Ríos, Argentina, Selma Almada é considerada uma das vozes mais poderosas da literatura argentina. Para além dos romances “El viento que arrasa” (2012) e “Ladrilleros” (2013) – finalista do Prémio Tigre Juan (Espanha) -, do livro de poesia “Mal de muñecas” (2003) e dos livros de contos “Niños” (2005), “Una chica de provincia” (2007) e “El desapego es una manera de querernos” (2015), Selma escreveu em 2014 o livro “Raparigas Mortas” (Dom Quixote, 2017) que, à semelhança do Capotiano “A Sangue Frio”, é também um romance de não-ficção, tendo como pano de fundo três assassínios de mulheres ocorridos nos anos 1980, entre centenas de outros, que ocorreram no interior da Argentina e para os quais não foram apontados culpados.
A escrita de Selma Almada apresenta uma pulsante veia poética, contrabalançada com descrições violentas e em carne viva, num livro que é um grito contra uma sociedade onde a misoginia e a violência contra as mulheres são ainda uma realidade. Mais do que o trabalho detectivesco desenvolvido, mora aqui uma reflexão sobre o lugar da mulher na justiça e na sociedade. Sem sombra de romance.
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