A chegada do Inverno é sempre agreste, sobretudo quando pensamos na natureza e nos animais que têm de lutar pela sua subsistência. Com o estômago a dar horas e vendo a pequenada a contar sofregamente as migalhas, a dona Fofa, uma simpática coelha, decide enfrentar o mau tempo e partir em busca de alimento, deixando os filhos Bitó e Fabi na toca não sem alguns conselhos: “se tiverem sede, vão comer neve; nunca se abriguem junto das árvores enquanto houver faíscas”.
O coelho Bitó gostava dos relâmpagos e sobretudo dos trovões, enquanto a mana Fabi ficava sempre um pouco assustada, com os ouvidos a zunir durante uma imensidão de tempo. Depois de se dedicar a sonhar com coelhos mágicos, um bolo de chocolate gigante e uma cenoura com dotes de cantor, Bitó acorda retemperado, falando a Fabi da casa da janela azul, uma casa velha com uma janela azul e uma porta vermelha onde poderiam encontrar “uma montanha de fardos de feno e ervas secas que vão até ao telhado“.
Decidem então sair para o exterior, seguindo as pegadas deixadas para trás pela sua mãe. Mas a aventura esconde um sem número de perigos: caçadores à espreita, uma cabra muito magra e muito velhinha ou um animal com “olhos muito grandes e meigos, e o pelo todo negro“.
Para além de um retrato poético sobre o Inverno, fruto de uma experiência de vida num lugar onde a natureza é experienciada longe do bulício das cidades, António Mota toca em “A Casa da Janela Azul” (Asa, 2017) no tema da emancipação e do crescimento, novamente de braço dado com as ilustrações de Sebastião Peixoto.
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